Luanda - Um adolescente de 14 anos foi morto no sábado, supostamente por um militar do Posto de Comando Unificado (PCU), (Comando sob alçada do general Carlitos Wala) durante as demolições de mais de 600 residências no bairro Walale na zona do Zango II em Viana.

*Borralho Ndomba
Fonte: RA

Morto por questionar a demolição da casa dos pais

O coordenador da SOS Habitat Acção Solidária, Rafael Morais, disse ao Rede Angola que o rapaz, identificado como Rufino Marciano António, foi morto pelo facto de ter questionado a demolição da residência onde morava com os país.


“No sábado às 17h30, um adolescente de 14 anos foi morto pelas forças do Posto de Comando Unificado (PCU). Depois de dispararem contra o miúdo, dispersaram, e depois voltaram ao local de onde levaram compulsivamente o corpo do rapaz para parte incerta. A informação que tivemos na comunidade é que o rapaz questionou onde podia viver enquanto as casas estavam a ser demolidas, e de repente apareceu um militar que disparou directamente na cabeça do menino”, disse Rafael Morais, citando o relato dos pais do jovem.


Segundo o activista da SOS Habitat, os pais descobriram que o cadáver se encontrava na morgue do Hospital Josina Machel, informação que lhes foi facultada pela polícia de Viana. “Ontem, domingo, os familiares foram até a unidade da polícia, onde foram informados de que o corpo estaria possivelmente na morgue do Maria Pia. Os familiares foram até ao Maria Pia onde encontraram o corpo”.


O primeiro acto de demolição na área, refere a SOS Habitat, foi no dia 30 de Julho na localidade do Zango III. Na passada quarta-feira, os supostos efectivos do PCU iniciaram as demolições no bairro Walale que culminou com a morte do rapaz no sábado.
Ainda de acordo com o coordenador da referida ONG, que defende o direito de habitação dos angolanos, a notificação que os moradores receberam tem o selo da Zona Económica Especial.


“No sábado, receberam uma notificação assinada por um primeiro sargento, com a timbragem da Zona Económica Especial a orientar a demolição involuntária. Este bairro já está aí há mais de 30 anos, segundo o soba da comunidade, quando os moradores da Boavista foram realojados no Zango, o bairro Walale já existia”, lembrou Cerca de 2500 famílias vivem aí.


Até ao momento a Policia de Luanda não confirmou ou desmentiu o incidente.