Luanda - Senhor Presidente, Angola, o país que o senhor preside há quase 37 anos (eu nem estava ainda nascido) vive uma crise que transcende à economia e às finanças (arruinadas no quadro da sua governação regida pela também sua tese perversa de "acumulação primitiva [e selvagem] do capital"). Angola vive uma crise de Estado. Poderia estar aqui a elencar-lhe e esgrimir-lhe as razões do que afirmo. Mas não é necessário. O senhor as conhece muitíssimo bem. Aliás, o senhor mesmo há muito que se transformou na principal causa da crise de Estado que dilacera Angola. O senhor é um problema, um cancro para Angola.

Fonte: Facebook

O mês de Agosto tem sido especialmente trágico para milhares de famílias, cujas casas têm sido demolidas selvaticamente por militares do Posto de Comando Unificado, dirigido pelo General Wala (este mesmo que, sob as suas ordens, matou Jonas Savimbi em 2002. Lembra-se?).


A acções de demolição, de per si já desumanas, resultaram no assassinato de duas crianças, designadamente, o Rufino (de 14 anos) e Baptista, um bebé (de cerca de 1 ano). O primeiro foi baleado. O segundo morreu 'decapitado'. Na terça-feira, o Provedor de Justiça foi barrado na sua tentativa de, in loco, inteirar-se da situação. Consta que à sua comitiva foram apontadas armas. Por outro lado, o comunicado do Estado Maior General das FAA foi um desastre, um insulto à dignidade e à razão dos Angolanos.


Pergunto: o senhor está contente/satisfeito com toda esta tragédia? O seu silêncio é cúmplice. O seu silêncio demonstra não apenas a insensibilidade da sua pessoa como também o carácter perverso do seu regime, que transformou o Angolano em 'coisa'. Para si 'a vida do Angolano é igual à da galinha', não é? Tal como aquando da tragédia do Lobito em 2015, em que morreram dezenas de Angolanos, vítimas das cheias, o senhor não diz nada. Será que a vida do Angolano não tem nenhum valor para si? A morte do Rufino e daquele bebé não lhe dizem nada?


O seu silêncio não tem justificação. Veja o que está a acontecer em Portugal: o Presidente Marcelo de Sousa, por exemplo, esteve na Ilha da Madeira, visitou e confortou cidadãos afectados pelos incêndios. E o senhor? Vai, mais uma vez, ficar calado? Não vai dizer nada ao Povo? Acha que o Povo Angolano, ou pelo menos as famílias, não merece[m] a sua atenção e palavras de solidariedade?


Os Angolanos perguntam: "onde estás, Sr. Presidente?"