Luanda - Quem ganha com os resultados do Congresso do MPLA, que ontem encerrou os seus trabalhos em Luanda, é quem aposta na continuidade de José Eduardo dos Santos como presidente do maior partido político. E não são poucos a constituir esse universo.

Fonte: JA

A garantia de que Angola vai continuar a manter-se num rumo seguro, de estabilidade e reconstrução, é a primeira ideia que ressalta do final da reunião magna da maior força política de Angola. Isto não é de somenos importância. Para quem conhece bem os meandros da política e da realidade angolana e regional, este facto tem um grande significado. Com a continuação de José Eduardo dos Santos à frente do grande partido angolano, todos os sectores sociais que integram o espectro fundamental daquilo que habitualmente se classifica como forças vivas da Nação, têm razões para brindar.

Vejamos como isto ocorre.


O abrandamento do crescimento económico causado pela queda forte da receita esperada do petróleo para o orçamento público produz uma alteração na mentalidade e na prática diária em Angola. A mudança já se está a notar. Para substituir o petróleo, o país tem de resgatar os valores do trabalho e da produtividade, numa época em que os sinais exteriores de rendimento e de emprego contam mais do que o trabalho. O entendimento da necessidade de trabalho e produtividade está reflectido nos textos fundamentais do Congresso e voltou a ser sublinhado ontem pelo Presidente José Eduardo dos Santos.


A desaceleração económica veio reduzir tanto a oferta de emprego como os proveitos familiares, abrindo terreno ao aumento da pobreza e das desigualdades sociais. Nas ruas da cidade de Luanda, um óptimo barómetro social para medir níveis de consumo e de satisfação, ao lado dos vendedores ambulantes surgiram agora pedintes em maior número, tanto daqueles que pedem porque precisam mesmo de pedir, como daqueles que são transportados por traficantes de imigrantes apostados em criar instabilidade na capital do país, não hesitando até em abandonar crianças nas cidades.


Com a reeleição de José Eduardo dos Santos como presidente do MPLA, é previsível que seja reforçado, nesta fase particular, o combate à pobreza e revigoradas as medidas de política social viradas para o apoio às camadas mais vulneráveis da sociedade e para a promoção do emprego. A acentuada preocupação social é uma característica tradicional do MPLA e dos seus dirigentes históricos. Essa marca brota das raízes de um partido que declara que ele próprio é o povo e se constituiu em defensor da “grande família angolana”. Isto diz tudo. O líder do MPLA reafirmou ontem esta linha de acção quando disse que a família “é verdadeiramente uma importante base de apoio”, mas “não basta declarar que ela é o pilar da sociedade”, sendo “preciso definir políticas públicas e adoptar medidas concretas para reforçar o seu papel e proteger as mais frágeis e carenciadas”. Com essa ideia, ficou clara a continuidade da linha do MPLA como partido popular.

As famílias angolanas são assim as primeiras ganhadoras com a reeleição de José Eduardo dos Santos.


Os investidores, empresários e empreendedores obtêm também garantias renovadas com o desfecho da reunião magna do MPLA. O Congresso foi precedido de uma vaga de boatos e rumores absurda, incluindo vindos de agentes económicos que deviam ser mais responsáveis no que afirmam. Numa conjuntura de volatilidade da moeda e de expectativa política, o investidor normal retrai-se e aguarda pelo melhor momento para voltar a aplicar o seu dinheiro. Infelizmente, a economia é assim, tem o seu lado cínico. A reeleição do presidente e a certeza de que com ele e a sua visão política sobre a economia haverá condições de segurança renovadas e acrescidas para um novo impulso no investimento público e privado e para um regresso ao crescimento económico, é outra indicação que sobressai do conclave dos “camaradas”. Os investidores podem voltar a investir no longo prazo, porque a diversificação económica vai mesmo para a frente.


Finalmente, quem tem de agradecer ao MPLA o facto de ter reeleito o Presidente José Eduardo dos Santos para se manter como seu líder são todos os democratas angolanos, incluindo os que estão na oposição. A oposição angolana tem feito tudo, até arriscado a sua existência como oposição, para não ter como adversário alguém que não tenha a personalidade do líder angolano. Com as devidas diferenças, a má experiência de Moçambique, cuja renovação política geracional está a ser saldada em nova guerra e mortes de civis, cria na UNITA e na CASA-CE uma oposição esquizóide que não se importa de protagonizar incidentes graves na Capupa, no Sumi e no Gonçalo, apenas para propagar uma ideia de instabilidade e apelar ao Presidente para continuar no poder, ao mesmo tempo que faz as piores e mais indignas acusações ao homem que garante a paz e a estabilidade no país.


Na oposição, não são poucos os que rezam para que José Eduardo dos Santos continue a ser o presidente do maior partido político e o Presidente de todos os angolanos. A reeleição é também, além de tudo o resto, uma vitória da democracia.