Luanda - Como é de hábito, as 20 horas de Domingo, sento- me na poltrona da minha sala para a assistir o noticiário da tv Zimbo e principalmente a sua rúbrica “Revista zimbo”, e neste Domingo 22 de Agosto não foi excepção. Este mesmo programa nos habitou a por em confronto (no bom sentido da palavra) dois analista ligados a vários ramos da nossa sociedade, quer seja política, social, económica, etc.., Mas neste Domingo a Tv Zimbo nos brindou com um novo formato do debate a oporem- se quatro analistas, por um lado (considerados como contra executivo), o sociólogo João Paulo Nganga e o Doutor Adriano Sapinãla, do lado oposto estavam (os considerados pró- executivo) o politólogo Gildo Matias José e jurista Tito Cambanje. Nesta senda foi confrangedor ver jovens do timbre de Gildo e Tito a defenderem o indefensável.

Fonte: Club-k.net

Muitas das vezes nos perguntamos se estes jovens vivem mesmo cá nesta terra chamada Angola porque chegam a defender algo que só mesmo eles acreditam e mais ninguém.


Sabe- se que qualquer sociedade saudável é construída pelos pró e pelos contra, ou pelo bem e pelo mal (é a lei da vida), e haverá sempre quem defenda um lado em detrimento de outro, mas ver jovens da tarimba, e com provas dadas, de Gildo José e Tito Cambaje (que devem ter pouco menos de 30) a defenderem secamente um velho caquéctico e que tem idade de ser avó destes e que já anda a um passo da sua cova, a espera só que “Ngana Nzambi” dita o dia “D”, é realmente de doer a alma.

Ver estes jovens em acção deixam- nos perplexos e com algumas interrogações: será que fazem- no por mero fanatismo politico, rigor académico, ou a penas, pela conservação do tacho? Parece- me que a última hipótese é quem responde estes inquietações.

Tive o privilégio, enquanto estudante universitário, de ter como professor o Drº Gildo José e pude ver como o mesmo mudou da noite para o dia, nas suas primeiras aulas aparecia simple: de calças jeans, sandálias e de camisas simples e andar a pé. Já nos últimos anos de faculdade foi vê- lo mudar: das roupas simples e andanças a pé para os factos de último grito, relógios, sapatos, camisas, carro de grande cilindrada tudo de finíssima qualidade.

Não os condeno de todo, porque todo homem enquanto em vida procura sempre as melhores condições de vida para si e para os seus, mas por outra, os aconselharia a deixar esta árdua tarefa para os mais velhinhos, aqueles que já não têm nada perder, como o João Pinto, Noberto Garcia, Dino Matross, entre outros e não vocês que ainda têm muito para dar a este país.


Longe de mim augurar uma Angola de novo em contendas, mas infelizmente a experiência africana está prenha de acontecimentos menos bons onde vimos sempre as situações a inverterem, onde os da situação passam para a oposição e muitas vezes isto acontece sem que se evite o derramamento de sangue e se isto um dia venha acontecer em Angola (roguemos à Deus que não) onde estarão estes jovens (os spin- doctors e os bajús)? Será que conseguirão apanhar o primeiro avião e fugir para estranjas e deixar o circo a pegar fogo? Ou estarão aqui a ajudar a apagar! Não sei, a ver vamos.


Voltando a vaca fria, ver Gildo José e Tito Cambanje pedirem estudo científicos para aferir a impopularidade do Presidente da República é no mínimo anedótico. Aló juventudes saiam de Marte e voltam para o Planeta Terra que é o vosso lugar. Jovens inteligentes e proeminentes que são, não têm lido os vários relatórios que as várias organizações internacionais produzem onde mostram a baixa da popularidade de JES, quer no plano interno como no plano externo? Ou não têm tido acesso as várias plataformas digitais, entre elas o Facebook, na qual o Drº Gildo é usuário, para verem como a imagem de JES é achincalhada? Não têm lido os vários jornais privados que saem nas ruas de Luanda? Não têm ouvido as várias estações radiofónicas que emitem em Luanda (ou só ouvem a 93.5, a 99.9 e 99.1? Aconselho- vos a ouvirem também a 91.0 e a 99.7 que nos debates que promovem, a participação dos ouvintes destas emissoras de rádio, mostra claramente o descontentamento que as populações têm com relação a JES e o seu Executivo).


Defender- se com o argumento – um pouco também na senda de João Paulo Nganga – de que a recente eleição de JES com 99.6% de votos para a presidência do MPLA, dando mostra de os seus militantes ainda lhe querem lá, não cola, porque eu, o Drº Gildo, o Drº Tito, João P. Nganga e quase todos angolanos sabem quanto a casa gasta, ou seja, JES na sua apetência de criar o culto à sua personalidade foi criando alguns monstrinhos que hoje tornaram em grandes monstros e que precisam desesperadamente de sangue para sobreviverem e a única fonte onde podem ir buscar este sangue é sem sombra de dúvidas JES, a titulo de exemplo é o que dizem nos bastidores: “ele sujo, gora ele limpa”, ou seja, ninguém quer segurar a batata quente.


Ainda no Domingo de manhã apos o Congresso, tive que acudir uma situação de acidente rodoviário em que envolveu- se o carro de um primo meu e de uma figura proeminente do Comité Central do MPLA e no meio da conversa o mesmo recebeu um telefonema, supondo ser de uma outra figura do MPLA e o que ouvimos falar de sua boca é o seguinte: “yá mano felizmente já saímos da prisão”, fazendo referencia ao Congresso que tinha se passado no dia anterior, estas palavras dizem tudo.


Por outra defender- se com a retorica de JES ainda não perdeu a sua popularidade porque os comícios que dá o mesmo é recebido com um banho de multidões, também é falacioso, porque só um angolano distraído, como os excelentíssimos Drº Gildo e Tito, é que não sabe como estas populações vão lá parar, muitas delas vão lá parar por obrigações e chantagens, porque no fundo no fundo estão todas descontentes com a situação, e para reforçar o que digo dou dois exemplo que ilustra bem o que digo: o primeiro deu- se comigo mesmo que por imperativo profissionais tive que ir à um comício proferido pelo então Governador da Província de Luanda, o camarada Bento Bento e na hora do proceder o culto à personalidade do camarada Presidente também ovacionei com entusiasmo, no entanto também sou daquele que não está contente com a situação. Outro exemplo aconteceu ainda no Domingo quando em convívio com os vizinhos do bairro surgiu um outro vizinho que vinha da passeata de motorizada que visava saudar mais uma eleição de JES como presidente do MPLA, mas as tantas o mesmo disse- nos o seguinte: “venho de lá, mas ao sair de lá, tive que parar numa banda e retirar toda propaganda que pus na minha moto porque não quero que as pessoas me vêm mal” e por seguinte começou a falar mal do PR. Estes exemplos aqui dados ilustram bem e vem contrariar as teses defendidas por este spin- doctors do MPLA.


A ambição é uma das características dos jovens, mas existem várias maneiras de ganhar dinheiro e do pouco que conheço do Drº Gildo o mesmo tem capacidades de ganha- lo de forma honesta sem precisar de queimar a sua imagem aparecendo constantemente nos écrans de televisão, defendendo aquilo que a maioria dos angolanos condena. Também sei que Gildo José não o faz apenas por dinheiro, mas também por convicções políticas, porque num dado momento ouvi- lo dizer que vem de uma família ligada ao MPLA, mas como gostou muito de sustentar as minhas teses com exemplos, ai vai mais um: tenho privado uma relação profissional com uma jovem altamente profissional, inteligente e uma economista de grande valor que actualmente ocupa um dos cargos importantes no Ministério das Finanças e que seus pais são ferronhos defensores do MPLA e que volta e meia a pressionam para que a mesma ingresse nas fileiras do partido, mas a mesma tem negado categoricamente mesmo respeitando muito os seus pais, e este facto não tem impedido que ela cingri na vida. Doutores são destes exemplos de jovens que o país precisa e não daqueles que professam o “yesmenismo”.

Tenho dito