Luanda  - Nesta semana, os angolanos que acompanham as imagens do 7º Congresso Ordinário do MPLA, assistem a uma estranha celebração de dança partidária! São 2620 delegados a mexerem o esqueleto! Estão bem acompanhados entre os políticos que cederam à tentação de arriscar passos de dança em público!

Fonte: Club-k.net

Em 2004, o então secretário de estado americano, Colin Powell arriscou a coreografia gay YMCA na festa de encerramento de um encontro sobre segurança na Indonésia.  No mesmo cargo, Madeleine Albright dançou com crianças na Coréia do Norte.

 
Em 1997, foi o presidente russo Boris Yeltsin visivelmente embriagado quem afrouxou a gravata, fechou as mãos e soltou o rebolado.  Até Nelson Mandela foi flagrado a dançar músicas infantis. Mas nenhum deles estava num congresso tão importante! Nenhum deles estava a tratar de assuntos sérios de seu partido político ou de sua nação!


Hummm! Vocês que não têm partido são maldosos! Já acham que o assunto do exército descontrolado que mata crianças, deveria ser discutido no congresso! Que a crise económica deveria preocupar os congressistas! Que o presidente da república deveria pedir perdão pela incompetência do seu governo! Meus amigos, o presidente está muito acima destas bobagens! O presidente ia lá se preocupar se o Rufino morreu? Ele quer lá saber se as famílias estão em pánico, porque o preço do pão não pára de subir? Ora, vocês precisam ter mais confiança no MPLA, leitores! E as pessoas que morrem nas portas dos hospitais? Quem disse que faz doer o coração? Nada disso, é a celebração da fofoca partidária! É a oportunidade da bajulação, para subir de cargo, ao invés de tristes lamentações!


Veja as caras deles, Adão de Almeida, Job Capapinha, Dino Matrosse, Luzia Inglês Van-Dúnem, Welwitschea José Dos Santos, Nandó! São pessoas puras! Inocentes! Só porque arrastaram o país para a crise? O que é que tem? Nós somos gente maldosa, sem amor à vida! Vejam, por exemplo a alegria da "J" do MPLA, a dançarem, como se os jovens angolanos não estivessem a morrem de fome e miséria!

Viram? Nós que não temos partido político é que não prestamos! Nós é que não merecemos um congresso como este! Precisamos vestir o uniforme vermelho. Viva eles! Abaixa “o nós!”


Meu Deus, é uma ofensa a inteligência dos angolanos! E no meio de toda essa farsa, é que eles se acham melhores do que nós que não temos partido político! Eles acham que podem cometer qualquer crime político porque são seres superiores, que pensam no futuro de uma rídicula e imaginária MOÇÃO para o bem do povo! Mas não é só, a corrupção virou uma forma de governo que se instalou em Angola.
Se parassem de dançar, talvez nós podéssemos confiar no MPLA! Se parassem de dançar e aplaudir apenas, talvez algo mudasse, depois do congresso!

O autor

Ribeiro Tenguna é escritor, membro da Brigada Jovem de Literatura de Angola e do Grupo Experimental da Academia de Letras do Brasil. Palestrante internacional, Coach Corporativo, Psicanalista Clínico, Teólogo e Gestor de Empresas. Tem pós-graduação em Engenharia de Petróleo e Gás, Especialista em Resolução de Conflitos e MBA-Master in Business Administration pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).