Luanda - Escrever sobre José Eduardo dos Santos, abordando tanto a sua qualidade de Presidente da República como a de simples cidadão, tem tanto de fácil como de complexo.

Fonte: JA

Fácil, porque se trata de uma figura consensualmente aceite como possuidora de uma personalidade forte e de um carisma que o torna tão popular como discreto, naturalmente aceite como parte integrante da família de cada angolano.


A complexidade de se escrever sobre José Eduardo dos Santos resulta, afinal de contas, da soma dos factores que o tornam unanimemente aceite por todos os angolanos. É que, afinal das contas, se fica sem saber por onde começar, tal a riqueza e a variedade dos temas que a sua personalidade suscita.


Numa altura em que se comemora a passagem do 74 º aniversário de José Eduardo dos Santos aquilo que talvez mais importe destacar é a sua faceta enquanto cidadão. Um cidadão amado e respeitado pelo seu povo, que cedo hipotecou a sua juventude para se entregar de corpo e alma à missão de dirigir os destinos de Angola.


Quem com ele conviveu na infância e na juventude reconhece-lhe o mérito de, ao longo dos anos, se ter mantido fiel a si mesmo. Amigo dos seus amigos, nunca esqueceu de onde veio e muito menos de onde nasceu e com quem conviveu nos bancos da escola. Sempre disponível para ajudar quem a si recorre nas mais variadas circunstâncias, José Eduardo dos Santos é o rosto da generosidade e da determinação que caracteriza o povo angolano.

 

Homem de paz e de uma só palavra, José Eduardo dos Santos nunca se sentiu muito à vontade debaixo dos holofotes de uma excessiva mediatização, optando pela discrição para fazer passar a sua mensagem no sentido de obter os consensos necessários para a resolução dos problemas mais intrincados da governação e que ele, na qualidade de simples cidadão, acaba por sentir de um modo muito próprio.


A sua dedicação à família é assumida sem grande alarido, mas com uma total devoção, fazendo sempre questão de separar claramente aquilo que é a sua vida pública da privada, recusando protagonizar actos de mera propaganda pessoal que lhe poderiam valer alguns importantes dividendos políticos.


Ainda hoje, quando completa 74 anos, o cidadão José Eduardo dos Santos revela-se como um dos políticos nacionais com ideias mais jovens, apontando rumos e caminhos inovadores para a resolução dos problemas que a governação coloca ao país e que carecem de soluções ajustadas aos dias de hoje.

 


Homem de uma só palavra, José Eduardo dos Santos carrega consigo o segredo de ser amado pela esmagadora maioria do seu povo e respeitado pelos seus opositores políticos, que não encontram no seu exemplo de cidadania argumentos suficientemente fortes para o beliscar.

 

Antigo praticante de futebol, acompanha com entusiasmo e muita atenção todas as peripécias que envolvem os grandes acontecimentos desportivos nacionais e internacionais cumprindo, até muito recentemente, um ritual de preparação física diário que compartilhava com alguns contemporâneos. Mas, uma das grandes virtudes de José Eduardo dos Santos é a de ao mesmo tempo que exerce a dura missão de dirigir os destinos de Angola conseguir, de modo igualmente empenhado ser um cidadão comum, com gostos e desejos iguais aos de muitos outros homens.

 


Isto faz dele, para lá de Presidente da República (com todas as responsabilidades inerentes ao cargo), uma pessoa normal, de carne e osso, de quem nunca se ouviu uma palavra a evidenciar qualquer tipo de complexo de superioridade em relação ao seu semelhante.

 


Mas, mesmo melhor que todas estas palavras, é mesmo o depoimento feito pelo seu irmão, Avelino dos Santos ao jornalista Cândido Bessa e que hoje publicamos nas páginas 4 e 5, onde ele retrata, de modo muito intimista, aquilo que foi a infância e a juventude de José Eduardo dos Santos e o seu percurso como cidadão comum, despido das funções oficiais de Presidente da República.

 


De José Eduardo dos Santos, mais importante do que destacar a sua dimensão como estadista é sublinhar o seu enorme valor humano expresso nas reacções que suscita, tanto no seio familiar como no coração dos angolanos.

 

Por isso, nesta altura de parabenizar José Eduardo dos Santos pensamos ser mais justo destacar agora a sua faceta de cidadão comum que a de Presidente da República, pois esta é sobejamente conhecida e tem sido justamente sublinhada dentro e fora das fronteiras angolanas numa homenagem perfeitamente justificada, tal o valor da obra feita.

*DG Adjunto do Jornal de Angola