Lisboa - As duas últimas semanas foram de grande expectativa para a opinião pública angolana e para os observadores estrangeiros que acompanham o processo angolano, em virtude da realização do VII Congresso do MPLA, que devia definir o que o partido maioritário em Angola perspectiva para o futuro imediato do país.

Fonte: Expresso

O VII Congresso do MPLA reforçou a posição de José Eduardo dos Santos enquanto líder do MPLA, mas também deitou por terra as teses fantasiosas sobre uma eventual sucessão dinástica, com a eleição para vice-presidente do Partido do actual ministro da Defesa, João Lourenço, e do responsável da política de quadros do MPLA, Paulo Cassoma, para secretário-geral.


O principal documento apresentado no Congresso foi a Moção Estratégica do Líder, que comporta os dez grandes desígnios nacionais, entre os quais se destacam a consolidação da paz, a edificação de um Estado Democrático e de Direito e a promoção do desenvolvimento sustentável, assegurando a inclusão económica e social, a estabilidade macroeconómica e a diversificação da economia.


O MPLA considera, de facto, que o Estado deve assumir o papel crucial de agente regulador e coordenador do processo de desenvolvimento de Angola, exercendo uma função de liderança com base numa visão estratégica concertada com a sociedade civil e com o sector empresarial.


Há quem diga que o crescimento que Angola tem evidenciado ao longo destes anos, sobretudo depois da conquista da paz em 2002, não tem beneficiado o povo e por isso não tem contribuído para a elevação dos níveis de desenvolvimento do país. Os dados objectivos contrariam essa tese.


Em 2002, quando Angola começou a figurar no Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas (IDH), o do nosso país era de 0,39. Em 2014, o IDH de Angola passou para 0,532, o que colocou Angola na posição número 149 em 188 países. Angola teve, no conjunto dos países analisados, a terceira taxa mais elevada do crescimento anual do ISH, apenas ultrapassada pelo Ruanda e pela Etiópia.


A esperança de vida à nascença passou de 45, em 2002, para 60 anos. Trata-se de um avanço signiticativo, que coloca Angola acima da média de esperança de vida verificada na África Subsahariana. O número de angolanos a viver abaixo da linha de pobreza baixou de 68% da população, em 2002, para 36,6% em 2009, de acordo com dados do Inquérito sobre o Bem Estar da População, levado a cabo pelo Ministério do Planeamento e pelo PNUD.


No ano 2000, a taxa de analfabetismo em Angola era de mais de 50%. Em 2014, de acordo com dados do Censo Populacional, essa taxa baixou para 34%. No domínio da educação, Angola multiplicou por três o número de efectivos no sistema nacional de educação pré-universitário, ao passar de 2,5 milhões de alunos em 2002 para 8,3 milhões em 2015.


No ensino superior, o número de estudantes foi multiplicado por mais de vinte vezes em 13 anos, ao passar de 14 mil em 2002 para 286 mil em 2015. No domínio da saúde, têm-se registado igualmente avanços importantes no que respeita a redução da mortalidade infantil, da taxa de mortalidade de crianças menores de cinco anos de idade.

Isso só foi possível porque o país cresceu. Foi feito um grande esforço de reconstrução e de modernização das infra-estruturas produtivas e sociais do país, levadas a cabo sobretudo a partir de 2004 e suportado fundamentalmente com recursos públicos, isto é, com recursos gerados pela economia angolana.
O VII Congresso lançou uma nova palavra de ordem: “O MPLA deve governar com o Povo!”


*Embaixador Itinerante da República de Angola