Luanda - O ativista luso-angolano Luaty Beirão foi detido este sábado em Luanda, durante algumas horas, mas já regressou a casa.

Fonte: Lusa/RTP

A notícia foi avançada pelo Observador, que adianta que Luaty Beirão foi detido juntamente com outros sete ativistas em frente a uma prisão em Luanda, quando tentavam visitar um outro ativista.

 

Os oito ativistas estiveram detidos durante duas horas e alegam que foram agredidos pela Polícia Nacional de Angola.

 

A generalidade destes ativistas esteve em prisão preventiva entre 20 de junho e 18 de dezembro e depois em prisão domiciliária, até 28 de março. Nesse dia foram condenados a prisão, pena que começaram de imediato a cumprir, por decisão do tribunal, apesar dos recursos interpostos pela defesa.

 

Os ativistas foram libertados a 29 de junho por decisão do Tribunal Supremo, que deu provimento ao 'habeas corpus' apresentado pela defesa, pedindo que aguardassem em liberdade o resultado dos recursos da sentença da primeira instância.

Ativistas apresentam queixa

Os ativistas, entre os quais o luso-angolano Luaty Beirão, vão apresentar queixa por agressão da polícia, alegadamente ocorrida quando foram impedidos de visitar um dos colegas na comarca de Viana.

 

Em declarações à Lusa, Luaty Beirão referiu que o grupo se deslocou por volta das 10:00 à comarca de Viana, para visitar o ativista Francisco Gomes Mapanda, conhecido por "Dago Nível", mas até às 11:00 ainda não tinha começado a distribuição de senhas que dá acesso à visita, que terminava às 12:00.

 

Nesse sentido, o grupo pediu para falar com o responsável, para saber a causa da demora.

 

"Disseram-nos que tínhamos que ir para a porta principal e um comandante da polícia disse-nos que tínhamos que ir embora, mas nós não gostamos desse tipo de conversas", referiu Luaty Beirão, acrescentando que exigiram uma justificação.

 

Segundo o 'rapper', foram apresentadas três versões diferentes sobre as causas de não poder haver visitas.

 

"Entraram e fecharam a porta e começámos a bater para ver se eles abriam, não só abriram como veio todo o tipo de força de intervenção a dizer-nos para sairmos dali", explicou.

 

Luaty Beirão disse que o grupo foi agredido, salientando que "toda a gente sofreu, levou alguns pontapés e chapadas".

 

"Eu apanhei umas três chapadas", contou o ativista, salientando que a polícia não se coibiu de os agredir.

Protestos para libertar ativista detido

De acordo com Luaty Beirão, durante a semana houve outros protestos e o desejo do grupo é que "Dago Nível" seja libertado, salientando que já foi cumprida metade da pena.

 

"Aquilo que ele fez no tribunal, o Nito também fez, e o Nito está solto. Dualidade de critérios? Fomos mostrar solidariedade, fomos ali em protesto nos primeiros dias, com cartazes, coisas muito simples, muito singelas, ainda assim os polícias acham que têm de nos tirar. Hoje era só para visitar, não era protesto nenhum", frisou.

 

O grupo que foi levado pela polícia para o comando de divisão de Viana, foi convidado depois de 40 minutos a deixar as instalações, segundo Luaty Beirão.

 

O ativista disse que tentaram apresentar uma queixa contra os polícias agressores, mas foram aconselhados a fazê-lo na área de inspeção do comando geral da Polícia, para onde se deslocaram dois membros do grupo para abertura de um processo.

 

Dago Nível encontra-se a cumprir, desde março, uma pena de oito meses de prisão por ter gritado em tribunal, durante o julgamento do grupo de 17 ativistas condenados por atos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores, que o mesmo era "uma palhaçada".