Luanda - Falta apenas o parecer do Tribunal Constitucional para transformar a coligação Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE) num partido político. A decisão, tomada no II Congresso ordinário da coligação, não foi, no entanto, pacífica. O encontro de dois dias, em Luanda, contou com ânimos exaltados e agressões verbais.

Fonte: DW/Nelson SulAngola

O rosto da contestação é Alexandre Sebastião, um dos vice-presidentes de Abel Chivukuvuku. Apesar de a maioria dos congressistas ter votado a favor da transformação da CASA-CE em partido, o líder do PADDA - Aliança Patriótica, partido integrante da coligação, garantiu, em declarações à DW África, que, para já, nada está definitivamente decidido.


“A CASA-CE ainda é CASA-CE”, sublinhou, acrescentando que “o processo continua, mas com toda a cautela para que a CASA-CE mantenha todos os bens adquiridos”.

Depois da controvérsia, serenidade e tranquilidade


A julgar pelas declarações de Alexandre Sebastião, muita água poderá ainda passar por baixo da ponte até 2017. Entretanto, com vista a manter a coesão do partido, Abel Chivukuvuku sentiu-se obrigado a chamar a atenção de Alexandre Sebastião e outros contestatários da transformação da coligação.


Ao vice-presidente, cético sobre a transformação, Chivukuvuku pediu que "entenda" que em processos como este "há diversidade e toda ela é legítima". O líder da coligação pediu ainda “a tranquilidade e serenidade de todos os delegados” e lembrou que, em processos democráticos, é preciso respeitar a opinião da maioria.
Segundo Chivukuvuku, a decisão política está agora tomada, e seguir-se-ão os procedimentos administrativos legais.

O dirigente político considera "normal" a posição do PADDA, que levanta receios sobre se, depois de transformada em partido, a organização consegue manter a sigla, a titularidade do património e a titularidade do grupo parlamentar.

Sebastião quer manter conquistas, Chivukuvuku pede trabalho


Alexandre Sebastião defende a manutenção de todas as conquistas alcançadas enquanto coligação, designadamente a bancada parlamentar, o apoio do Orçamento Geral do Estado para a realização das atividades, os comissários à Comissão Nacional Eleitoral, os membros do Conselho da República. "Mantendo isso, a nossa bandeira, a nossa sigla, podemos ir à transformação", disse Sebastião.


"Somos uma organização plural, democrática e esse debate interno é necessário e é positivo", defendeu, por sua vez, o presidente da CASA-CE. Abel Chivukuvuku mostrou-se otimista, salientando que já se reuniu com o Tribunal Constitucional, tendo garantias de que "tudo vai correr bem" e com "serenidade e tranquilidade".


Apesar das controvérsias do congresso, o presidente eleito da CASA-CE voltou a reafirmar no seu discurso de encerramento que, em 2017, o seu partido será Governo ou “parte relevante do Governo”. “Quero que o país entenda bem esta mensagem”, frisou.


Para que tal aconteça, Chivukuvuku pediu trabalho aos dirigentes do seu partido: “Vamos ao encontro dos eleitores para que, em agosto, tenhamos as condições reunidas para preconizarmos a mudança”.


O congresso ordinário da coligação reelegeu Abel Chivukuvuku como presidente da formação política, com 646 votos, correspondendo a 91,6% dos votos. O evento contou com a presença de partidos políticos nacionais e estrangeiros convidados, como comitivas portuguesas do PSD, PS, CDS-PP e BE.