Luanda - Dois analistas angolanos manifestaram opiniões diferentes sobre o actual processo de registo eleitoral e as eleições de 2017 num aceso debate no “Angola Fala Só”.

Fonte: VOA

Enquanto o professor João Nzatuzola considerou que o processo está a decorrer com “tranquilidade”, o analista politico e jornalista William Tonnet afirmou que o modo “inconstitucional” como o registo está a ser feito revela que “alguém tem medo que se cumpra a Constituição”.

“E se alguém tem medo é porque não está a fazer um jogo limpo”, sublinhou Tonnet, acrescentando que, por outro lado, “ os dados que que o Governo avança são suspeitos em relação aos números de mesas que estão efectivamente a trabalhar”.

Interrogado por um ouvinte sobre a possibilidade de instabilidade após as eleições, o professor Nzatuzola disse que hoje a situação é muito diferente daquela vivida em 1992 quando exista ainda um exército por parte da UNITA.

“Não estou a a ver um regresso à guerra”, alertou, e considerou que, apesar de afirmações em contrário, existe hoje “um quadro institucional que dá muita margem de manobra”.

William Tonnet manifestou o seu forte cepticismo em relação a todo o processo eleitoral afirmando que o facto de o mesmo estar a ser organizado pelo partido no poder lança enormes duvidas sobre todo o processo.

“Ninguém organiza para perder”, ressalvou o jornalista, que diz que não acreditar que "pelo voto se possa ter alternância” em Angola.

Para Tonnet “não havia a necessidade de o MPLA se juntar à suspeição”, mas devia ter aberto caminho para um processo limpo "no fim do consulado do Presidente".

Os dois analistas concordaram que a exclusão do processo eleitoral dos angolanos que vivem no estrangeiro viola a Constituição.

Sobre isso, "o Governo é que deve explicar porque é que isso acontece”, concluiu João Nzatuzola.