Luanda - O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, responsabilizou hoje a política externa dos últimos presidentes dos Estados Unidos pela instabilidade em África e no Médio Oriente, pedindo uma "neutralidade mais ativa" às Nações Unidas.

Fonte: Lusa

O chefe de Estado discursava na Assembleia Nacional, em Luanda, sobre o Estado da Nação, durante a sessão solene de abertura da quinta sessão legislativa da III legislatura, a última antes das eleições gerais de 2017, tendo responsabilizado diretamente as administrações de George W. Bush e de Barack Obama.


"Cada um com a sua especificidade e com o beneplácito dos seus aliados", disse.


Angola, o maior produtor de petróleo em África, é um tradicional aliado da Rússia, Cuba e mais recentemente da China, sendo atualmente membro não permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).


"Utilizando a força, os Estados Unidos levaram a cabo intervenções em várias partes do mundo para impor os seus valores políticos, com resultados adversos. Acabaram assim por gerar mais instabilidade no Médio Oriente, na Ásia e em África, onde não conseguiram nem impor a paz, nem desencorajar os movimentos terroristas", afirmou José Eduardo dos Santos.


"Que rumo agora seguirá a política externa americana, com o novo Presidente a ser eleito em novembro? Qual será a reação da Rússia e de outras potências de desenvolvimento médio? Um mundo mais seguro só pode ser arquitetado na base do diálogo e do entendimento desses dois grupos, e de uma neutralidade mais ativa da parte das Nações Unidas", concluiu.


O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, enviou na sexta-feira uma mensagem de felicitações a António Guterres, pela sua eleição como secretário-geral das Nações Unidas, prevendo uma liderança "firme e esclarecida".


De acordo com uma nota da Casa Civil do Presidente da República, José Eduardo dos Santos transmitiu na sua mensagem que António Guterres "poderá contar com o apoio da República de Angola na consecução dos fins, princípios e valores consagrados na Carta das Nações Unidas em prol da paz e segurança internacionais".


Na mesma mensagem, o chefe de Estado angolano ressaltava que as "qualidades pessoais" do antigo primeiro-ministro português "constituem uma garantia inequívoca de que aquela organização internacional poderá contar com uma liderança firme e esclarecida", para dessa forma "superar os inúmeros desafios que se colocam no complexo mundo atual".


António Guterres vai assumir a liderança das Nações Unidas por um mandato de cinco anos, até 31 de dezembro de 2021.