Luanda - Os líderes dos dois maiores partidos da oposição em Angola, UNITA e CASA-CE, manifestaram-se desapontados com o discurso sobre o Estado da Nação, proferido nesta segunda-feira, 17, em Luanda, pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

Fonte: Lusa

Presidente mostrou "excessivo desconhecimento da realidade do país"

Em declarações à imprensa, o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Isaías Samakuva, disse que o discurso, ao qual assistiu, enquanto deputado, não trouxe novidades, apenas um balanço da situação do país.

 

"Contávamos que viesse com algumas fórmulas para nós sairmos da situação que vivemos [crise económica e financeira]. Na realidade isso não aconteceu", lamentou o líder do maior partido da oposição angolana.

 

Por sua vez, o líder da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Abel Chivukuvuku, afirmou que o Presidente angolano demonstrou "excessivo desconhecimento da realidade do país".

 

Segundo Abel Chivukuvuku, o pronunciamento de José Eduardo dos Santos transmitiu igualmente "desconhecimento da condição de pobreza da maioria dos cidadãos".

 

"Estou ainda muito mais preocupado, porque para além do desconhecimento da realidade também demonstrou ausência de ideias, de vontade e de comprometimento com o país, é isso que me deixa preocupado, falta de realismo e falta de ideias", salientou.

O discurso anual sobre o Estado da Nação teve lugar hoje, na Assembleia Nacional, em Luanda, durante a sessão solene de abertura da quinta sessão legislativa da III legislatura, a última antes das eleições gerais de 2017.

 

Para o quarto vice-presidente da bancada parlamentar do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), João Pinto, o discurso analisou com realismo os assuntos internos do país, tomando em conta a situação económica que o país vive.

 

O deputado do partido maioritário refutou as críticas da oposição em relação ao discurso, salientando que não pode haver ideias mais concretas do que a conclusão de um programa de governação, que conseguiu concluir com êxito os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM).

 

"É preciso não nos esquecer que Angola é um dos poucos países que em mais de metade realizou os ODM. Não pode haver mais realismo do que a realidade económica do país de retração, com a redução das receitas fiscais, mas o Presidente anunciou claramente que em 2017 concluem-se as infraestruturas de base que vão contribuir para melhor a redistribuição de energia", exemplificou.

 

Defendeu que "não pode haver medidas mais concretas do que quando o Presidente anuncia publicamente a continuação de combate à pobreza como mecanismo de garantir maior coesão social".