Luanda - As famílias dos activistas Isaias Cassule e Alves Kamulingue, assassinados por agentes dos serviços secretos, prometem protestar frente à Procuradoria-Geral da República, caso as autoridades não paguem as indemnizações que aguardam há mais de um ano, informou a Deustsche Welle.

Fonte: RA

Os assassinos dos dois activistas foram condenados em Março do ano passado, numa pena que varia entre 14 e 17 anos. Naquela altura, a justiça determinou que cada família deveria ser compensada com Kz 4 milhões. Passado ano e meio, os familiares continuam sem receber e sem nenhuma explicação sobre o assunto.


Segundo Veloso Cassule, irmão do activista Isaías Cassule, a família não foi compensada porque falta vontade por parte da procuradoria. Veloso diz também que a procuradoria não está dar atenção ao assunto por causa da condição social das vitimas.


“Nós, os familiares, achamos que se se tratasse de um problema de pessoas influentes, eles já teriam pago a indemnização. Mas como se trata de uma família da camada baixa não estão a dar a indemnização”, afirmou.


No entender de Gerónimo Cabral, um dos familiares de Alves Kamulingue, o dinheiro que Estado disponibilizou para a indemnização terá sido usado para outros fins. “O Estado tinha disponibilizado todos os meios para a conclusão do processo. E penso que isso engloba a própria quantia de indemnização”, disse.


Apesar da lentidão, o advogado das vitimas, Zola Bambi, esclarece que o processo está em andamento. “Houve um primeiro contacto, mandamos uma carta pedindo para que assentássemos as bases da indemnização”, disse o advogado citado pela DW África.“Disseram-nos que não havia nenhuma pessoa com quem poderíamos falar sobre este processo. O tribunal estava superlotado e até ao momento não conseguiu emitir qualquer parecer sobre o assunto”.


Os parentes de Isaías Cassule e Alves Kamulingue denunciam também que para além da indemnização, as autoridades ainda não forneceram as certidões de óbito. Pagar os estudos dos filhos dos activistas, é outra obrigação assumida pelo Estado depois da leitura da sentença, mas Gerónimo Cabral alega que também essa não foi resolvida.


“Depois do julgamento o Estado garantiu que ia ceder cédulas [certidões de óbito], aliás já tem o registo feito porque as famílias estão com os respectivos recibos. O Estado também ia se ocupar da formação académica dos filhos, mas até agora nenhum passo foi feito nessa direcção”.


Recorde-se que em Maio de 2012, os activistas Isaías Cassule e Alves Kamulingue foram assassinados quando tentavam realizar uma manifestação de apoio a ex-militares, em Luanda.