Luanda – Angola apresenta um nível "sério" de fome, destacando-se como o 8.º estado africano pior classificado no Índice Global da Fome 2016, elaborado anualmente pelo Instituto Internacional de Investigação sobre Políticas Alimentares. Segundo o estudo, recém-apresentado em Bruxelas, 32,8% da população angolana passa fome.

Fonte: NJ
Apesar da evolução verificada nos últimos anos, com a redução, desde 2008, de cerca de 8% da franja da população afectada pela fome - passando de 40,5% para os actuais 32,8% -, Angola surge como um dos oito piores estados de África na avaliação do Índice Global da Fome 2016.

De acordo com esta classificação, que atribui ao país um nível "sério" de fome - o segundo mais grave observado pelos especialistas -, Angola ocupa o 106.º lugar entre 118 estados analisados, com base em indicadores que avaliam não apenas a quantidade de alimentos ingeridos mas também o seu valor nutricional.

No último lugar da tabela surge a República Centro Africana, onde 46,1% da população vive em privação de alimentos, situação que coloca o país em estado "alarmante".

Este é o pior nível que consta da presente edição do Índice Global da Fome, que, no entanto, chama a atenção para a falta de dados em relação a países reconhecidamente "preocupantes", como por exemplo Síria, Sudão, Eritreia, Somália e Congo.

Ainda que os maus indicadores caracterizem quase metade dos países classificados - com 50 estados classificados com os níveis "sério" ou "alarmante" -, o estudo elaborado pelo Instituto Internacional de Investigação sobre Políticas Alimentares destaca as melhorias observadas.

De acordo com os especialistas, assiste-se globalmente a uma redução da fome: Desde 2000, os níveis recuaram 29%, embora 795 milhões de pessoas em todo o mundo, ou 13,1% da população mundial, continuem a ser afectadas pelo problema.

Os dados recolhidos indicam igualmente que as principais vítimas são crianças, sendo que cerca de 28% dos menores de cinco anos não têm altura adequada para suas idades, enquanto 8,4% não têm peso adequado.

Por detrás das estatísticas, apontam os especialistas, encontram-se causas "complexas e intrinsecamente ligadas à pobreza, desigualdade, violência, conflito, doenças e alterações climáticas".