Luanda - A capital angolana voltou a registar um aumento de casos de criminalidade nos últimos dias. A polícia reconhece o elevado índice de deliquência e anuncia mecanismos de combate. Entretanto, investigador social afirma que elevado índice de crimes está diretamente relacionado com o aumento da pobreza no país, e defende a realização de um estudo para se inverter o quadro.

Fonte: DW

O comandante-geral da Polícia Nacional, Ambrosio de Lemos, reconheceu a subida à pique da criminalidade, em Luanda. No último dia 17 de outubro, ele garantiu que medidas estão a ser tomadas para conter a onda da crimes que assola os moradores da capital.


"Nosso esforço vai ser dirigido para esta cidade (Luanda) no sentido de transmitir à nossa população aquele sentimento de segurança que a polícia sempre preconizou e que, de vez em quando, tem as suas baixas em termos de prestação de serviço”, reconheceu.


Vítimas da criminalidade


O morador de Luanda Geraldo José é uma das vítimas da delinquência. Ele relata à DW África que foi assaltado num dos estádios de futebol da cidade, às barbas da polícia.

"Aquilo estava abarrotado de adeptos. Quando pus a mão na pasta, o telefone tinha ido. E, sim, havia polícia, mas sabe como é que é a nossa polícia atualmente”, critica Geral José.


A criminalidade não poupa, inclusive, agentes da corporação. Um efetivo da Polícia Nacional foi alvejado mortalmente, numa esquadra policial, em outubro deste ano. Segundo informações da polícia, o ataque aconteceu porque os bandidos tentavam resgatar um comparsa.

Pobreza impulsiona os crimes


O desemprego e a carência de bens de primeira necessidade das famílias, como a alimentação, são apontados como algumas causas que impulsionam o aumento da criminalidade, em Luanda.


O investigador do departamento social do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola, Cláudio Fortuna, aponta estes fatores sociais como causa para o agravamento da insegurança na capital do país.

 

"Hoje o nível de criminalidade está diretamente ligado à esta situação de carência de bens alimentares que as pessoas vão tendo, isso de alguma forma indicia o agravamento da criminalidade de uma maneira geral”, destaca o pesquisador.
Ainda em outubro, três membros da mesma família foram mortos a tiros durante um assalto, no Cazenga. Um dos acusados do crime foi contemplado pela Lei da Amnistia, em vigor desde agosto deste ano em Angola.


Estudo sobre a situação social

Cláudio Fortuna diz que "houve alguns criminosos que saíram e que encontraram as condições fora da cadeia ainda piores do que as que tinham na cadeia e isso, de alguma forma, acabou por ser incentivo a recorrência a atos pouco abonatórios”.


O investigador defende a realização de um estudo sobre o fenómeno, com objetivo de inverter a situação social vivida hoje pelo angolanos. "Tentar fazer um estudo para tentar ver até que ponto se pode diminuir um pouquinho ou eliminar que é desejavel, mas não acredito que aconteça assim num ápice”.