Luanda  - Ao tomar conhecimento do conteúdo da sua mais recente entrevista à Angop, publicada também nas redes sociais, não pude deixar de sentir um profundo sentimento de repulsa e indignação pelas inverdades por si alegadas. 

Fonte: Club-k.net
 
E só me dei ao trabalho de tecer estas parcas considerações, pelo simples facto de termos beneficiado dos créditos do BDA e sentirmo-nos por demais ofendidos, pelo que estamos no direito de explicar ao Povo Angolano as razões pelas quais não estamos em condições de proceder ao reembolso do empréstimo.
 
 
Devo lembrar-lhe, que na nossa situação estão inúmeros empresários, a quem você entendeu fazer a vida negra, prejudicando-nos de forma deliberada, esquecendo-se porém, que estava a prejudicar o país e o próprio BDA, como agora se constatou.
 
 
Antes de entrar propriamente nos detalhes da minha explanação sobre a sua péssima gestão do BDA, deixe-me que lhe diga, que as baboseiras que proferiu na sua recente entrevista, representam o apogeu da sua total ausência de bom senso, pois os empresários correctos e honestos, que se esforçam e estão a proceder ao reembolso, vão-se sentir “prejudicados”, devido ao facto de não o deverem fazer sozinhos e doravante vão alegar dificuldades tais, que vão deixar de cumprir com as suas obrigações, por outras palavras, “calado” você teria falado melhor, pois a sua desastrosa entrevista não passou dum tiro certeiro no próprio pé!
 
 
Sobre os factos, permita-me que lhe diga, que e ao contrário do que você apregoou, nenhum processo que tenha passado pelo BDA foi aprovado levianamente, e isto tendo em conta o árduo trabalho e longo período de tempo que foi necessário para que o nosso projecto fosse aprovado e as verbas desembolsadas.
 
 
Só para esclarecimento aos demais, nós apresentámos a nossa petição ao BDA em Abril de 2009 e só em Dezembro de 2010 firmámos o Contrato de Mútuo, sendo que a primeira tranche do desembolso foi creditada na nossa conta em finais de Janeiro de 2011.
 
 
Isto demonstra inequivocamente a rigorosidade do processo de atribuição de créditos e isto aconteceu até à data da sua nomeação.
 
 
Outrossim e como você bem sabe, a sua indigitação para o cargo que ocupa, só foi possível devido ao facto do seu primo “Edeltrudes Costa” ter ocupado uma posição de destaque na Estrutura do Executivo Angolano, pois por onde você passou, deixou muito a desejar e a sua alcunha de “nariz empinado” diz bem da sua arrogância e inaptidão para a gestão.
 
 
O facto de após a sua tomada de posse, você ter trocado os pés pelas mãos e vice-versa, recolocando técnicos das mais variadas áreas em sectores totalmente alheios às suas competências, ou seja, colocando técnicos dos Recursos Humanos na área da Contabilidade, Contabilistas no Gabinete Jurídico, Economistas nos Recursos Humanos, etc., etc., etc., denota o seu total desconhecimento das regras de boa gestão da Coisa Pública, ou será que você é tão ingénuo ao ponto de pensar, que as suas trapalhadas não são do conhecimento público!?, até porque você foi confrontado com inúmeras cartas de contestação e só ia reagindo aos acontecimentos.
 
 
Por tudo isso, entendo que você deveria ser a última pessoa neste país a falar de má gestão, pois você é a personificação da total ausência de bom senso e da boa gestão, ou será que você acha que todos nós somos parvos, estúpidos e cegos?, somos isso sim, demasiado generosos!
 
 
 Você esqueceu-se de referir, que você atribuiu empréstimos de 60 milhões de USD para projectos que nem sequer tinham sido avaliados.
 
 
Você deve estar com tiques de origem alemã, pois a sua memória não lhe permitiu mencionar os desembolsos de centenas de milhões de dólares, que serviram para pagar dívidas a grupos empresariais e esses sim, sem qualquer fundamentação para o BDA.
 
 
Deixe-me agora avivar-lhe a memória sobre os factos do bloqueio que você ordenou ao nosso processo de financiamento junto ao BDA, quiçá semelhantes aos demais projectos, nomeadamente:
 
 
- Para implementação do nosso projecto, nós assumimos cerca de 40% do total do investimento e o BDA os restantes 60%, pelo que investimos cerca de 20% a mais do que nos era exigido e isto diz bem do nosso compromisso.
 
- Como você bem sabe, nós não fazemos parte do grupo de falsos empresários, que adquirem viaturas topo de gama com o dinheiro dos empréstimos que recebem da banca para os mais variados empreendimentos e como os Vossos técnicos lhe poderão facilmente confirmar, todo o equipamento para o nosso projecto foi adquirido e já se encontra no país há cerca de 4 anos, o que também me impõe dizer-lhe, que a deterioração do mesmo se vai processando à medida que o tempo avança.
 
 
- No nosso processo de pedido de financiamento, cometemos o erro de subavaliar as necessidades do projecto, pois fomos mal assessorados no início e esse percalço levou- nos a solicitar uma adenda ao Contrato de Mútuo e só para elucidar os mais atentos, o nosso empréstimo é inferior em cerca de 50% ao que os promotores das indústrias similares receberam;
 
 
- Depois de termos prontamente assumido o erro e termos justificado a lacuna do nosso projecto e porque também entendemos que o BDA nos devia ter alertado para as deficiências, lográmos convencer o BDA, a firmar uma Adenda ao referido Contrato de Mútuo, adenda essa elaborada pelo Gabinete Jurídico do BDA, após aprovação pela Comissão de Crédito e pelo Conselho de Administração;
 
 
- A anuência do BDA em firmar a Adenda deveu-se também ao facto, de eles terem noção da própria culpa no atraso do desembolso da última tranche do contrato, facto que provocou transtornos e um desfasamento considerável no cronograma de execução;
 
 
- Após a assinatura da referida Adenda, por nós e também por dois dos Administradores do BDA e depois de termos pago o exigido Imposto de Selo sobre o valor a desembolsar pelo BDA, assim como termos apresentado o respectivo Termo de Autenticação, emitido pelo Cartório Notarial, você foi nomeado e deu início ao triste espectáculo que descrevo a seguir;
 
 
- Como bem se deve recordar, em Março de 2014, após constatarmos uma longa demora no desembolso dos valores referentes à Adenda ao Contrato de Mútuo, solicitámos-lhe uma audiência, onde e após me ter confirmado, que você próprio é que tinha mandado suspender todos os processos, pois queria analisar os projectos correntes, adiantou-me que ia mandar rever todo o projecto e que nós deveríamos aguardar por uma notícia do BDA no prazo máximo de 15 (quinze) a 30 (trinta) dias, contudo só no mês antepassado (dia 20 de Setembro de 2016) é que recebemos um telefonema da Vossa Agência Central, a comunicar, que os Vossos técnicos pretendiam efectuar uma visita para avaliação do projecto e a mesma foi efectuada no dia 22 do mesmo mês;
 
- Lembro-lhe também, que o seu maior e triste espectáculo teve lugar no momento em que você me disse, que não era obrigado a assumir os compromissos da anterior Administração e como se deve também lembrar, eu retruquei essa sua insensata e desmesurada ausência de bom senso;
 
 
- Na altura eu tivera-lhe dito, que você não era banqueiro, mas sim e tão somente um mero funcionário público, nas vestes de bancário e acrescentei, que nós não tínhamos firmado um compromisso com a pessoa A ou B, mas sim com o BDA e fosse quem fosse que lá estivesse, era obrigado a assumir o passivo da Instituição.
 
- Imagine você, que as Empresas, os Bancos e os Estados agissem como você, este mundo seria um autêntico circo, pois após cada mudança dos Gestores e dos Governos, as empresas e os bancos deixariam de pagar as dívidas, mas cobrariam os créditos e os Estados libertar-se-iam das suas dívidas, quer internas, quem externas. Enfim, seria o apogeu do pandemónio económico mundial.
 
 
- O mais caricato, é que você mandou cobrar o capital e os juros, visto que em finais de Fevereiro de 2015 e sem que tivéssemos sido antes chamados para qualquer negociação sobre o projecto, conforme você havia prometido, recebemos o Aviso de Cobrança da Comissão de Recuperação de Crédito do BDA e por entendermos, que o mesmo era desprovido de qualquer nexo, endereçámos uma exposição ao Conselho de Administração do BDA, onde clamámos por bom senso e sentido patriótico, contudo e até ao momento não recebemos qualquer resposta;
 
 
- Outrossim, lamentavelmente e para aumentar a minha perplexidade, recebemos da mesma Comissão de Recuperação de Crédito do BDA uma Notificação de Envio de Processo para Contencioso Judicial e o mais caricato é, que segundo a mesma notificação, os juros de mora estão a ser cobrados desde 30 de janeiro de 2014, quando a Adenda ao Contrato de Mútuo foi assinada em 5 de Novembro de 2013, estendendo o período de carência por mais 18 (dezoito) meses;
 
 
Fazendo uma análise simples dos factos e tendo em conta, que na nossa situação estão mais de 180 (cento e oitenta) empresários, segundo dados fornecidos por fonte segura e credível, nomeadamente o Exmo. Sr. José Severino, membro do Conselho de Estado e Presidente da AIA, podemos facilmente concluir, que o BDA se encontra numa situação financeira difícil, muito por culpa da sua gestão danosa, pois você impediu, de forma deliberada, que os mutuários concluíssem os seus projectos, o que provocou a nossa incapacidade de honrar com os compromissos concernentes ao reembolso dos empréstimos recebidos.
 
 
Por esse motivo, peço-lhe encarecidamente, que se retrate publicamente e que tenha a decência de pedir desculpas a todos quantos, de forma honesta, receberam empréstimos do BDA na vigência da anterior Administração e que por culpa da sua gestão desastrosa e da sua reiterada má-fé, foram impedidos de honrar com os seus compromissos.
 
 
E para que não hajam dúvidas sobre o que acabei de narrar, convido-o para um Debate Público, com todos os intervenientes, incluindo aqueles que você denegriu, como o caso do Dr. Teodoro Paixão Franco e todos os Empresários a quem você intitulou de “Caloteiros” e na ocasião teremos o maior prazer em apresentar as provas do que afirmei nesta missiva.