Luanda - As desconfianças em torno do processo eleitoral em curso continuam a dividir a oposição e o partido no poder em Angola, a menos de um ano das eleições.

*Manuel José
Fonte: VOA

A UNITA e a CASA-CE acusam o MPLA de querer introduzir, como proposta na lei orgânica sobre eleições gerais, a possibilidade de cidadãos votarem excepcionalmente apenas com Bilhete de Identidade, mas recusam aceitar a ideia.

 

A actual lei sobre as eleições gerais postula que só com o cartão eleitoral o cidadão estará habilitado a votar em 2017.

 

Outro ponto que divide a oposição e a situação é a mobilidade dos brigadistas da actualização e registo eleitoral.

 

A deputada pela UNITA Mihaela Webba acusa o MPLA de estar a inviabilizar o registo de eleitores, como fez em 2012, em áreas potencialmente de eleitores do seu partido.

 

''Em áreas de predominância de eleitores da UNITA, o registo eleitoral não tem sido feito, enquanto querem introduzir na orgânica o Bilhete de Identidade como forma de votar só que os cidadãos dessas zonas ficam impedidos de votar porque não possuem nem cartão de eleitor nem Bilhete de Identidade e o MPLA sabe que esses cidadãos lhe são hostis”, revela Webba.

 

A mesma posição é partilhada pela CASA-CE, mas para o secretário nacional executivo da coligação o cenário desta vez é diferente.

 

''Se em 2012 não estávamos bem estruturados para fiscalizar bem, mas desta vez estamos bem preparados para fiscalizar e vamos surpreender”, disse Leonel Gomes.

 

O que também inquieta a oposição são as movimentações das brigadas sem o conhecimento dos fiscais dos partidos na oposição.

 

''As brigadas se movimentam e não dizem nada aos partidos da oposição e nestes casos os brigadistas do MPLA têm conhecimento e estão sempre lá, como é que os do MPLA ficam a saber que as brigadas se movimentam e os outros partidos não?'', questiona Gomes.

 

Recentemente o ministro da Administração do Território Bornito de Sousa, num encontro que manteve com os jornalistas, pediu para que as pessoas leiam bem o que diz a lei e acabarem assim com todas as dúvidas.

 

''Pediria que lessem com atenção os documentos porque esclarece as dúvidas que têm surgido que nalguns casos entendo serem mais por razões políticas, há uma cultura tradicional nossa de com x anos de antecedência, as eleições já são fraudulentas e não sei mais o quê, mas a lei é clara e o sentido é claro''.

 

Quanto à eventual exclusão de cidadãos do processo de registo eleitoral, o secretário de Estado da Administração do Território Adão de Almeida tranquiliza, garantindo que ninguém vai ficar de fora.

 

''Há toda uma estratégia para fazer com que, quer a operação móvel quer a fixa de emissão de cartões, chegue a todas as pessoas em qualquer local onde estejam, independentemente da situação que se encontre”, disse.