Brasil - Do jeito que as coisas vão, a próxima notícia vai ser: milionários angolanos contratam babas ( amas) portuguesas para cuidar de suas crias. Na verdade, não existe novidades nisso, o procedimento já existe, o que mais impediria existe em quantidade –dinheiro e luxo, assim como o complexo de inferioridade de pertencerem a uma ex-colônia africana intricada no terceiro mundo.
Marcas Made in Angola: Imitação portuguesa
O que este artigo tenta fazer é esclarecer a mentalidade equivocada daqueles que veem no ridículo e irrisório sotaque português o caminho do desenvolvimento, contratando, por exemplo, já não só os polêmicos e noutro hora os arrogantes e racistas professores portugueses, mas até jornalistas. Este artigo é na verdade uma dedicatória in memória aos profissionais Angolanos nesta área, que hoje passaram a ser desnecessário para a formação de ideias e opiniões que tanto a Cultura Angolana precisa. E que no passado recente eram vistos como os baluartes ou construtores de uma consciência social nacional.
Na formação de ideias e opiniões ( hoje, em que a propriedade privada vale mais que qualquer argumento do passado), dizem, que até os ex- agentes da PIDE DGS ( os bufos da era salazarista) estão de volta, ver edição 273 do Seminário Angolense. Estão de volta os professores em quantidades assustadoras, com o argumento de que o português falado nas Universidades Angolana é ruim. Ora bolas! Mas esses duzentos professores ( ou milhares) contratados têm a missão tão simples, assim, de ensinar simplesmente o português? E que português? Será que pesquisa científica nas Universidades Angolanas consiste na demonstração de quem simplesmente sabe falar o português e de preferência com sotaque lusitano?
Desde quando um país descolonizado faz questão no seu desenvolvimento de manter as regras lingüísticas que a ex-metrópole continua estabelecendo? É tão necessário assim continuarmos a nos expressar do modo português para a nossa sobrevivência? Ou atrás disso existe algo mais, além da ignorância? Ou além disso, existe também o famigerado modo de ser português- repito: modo de ser-, que muitos por aí, com saudades da época da escravidão e do colonialismo não conseguiram de qualquer maneira livrar-se. A expressão saudades, aqui, pode ser um abuso ( mas uma exigência necessária) do articulista que exige demais do leitor para tirar conclusões de como o colonialismo e a própria escravidão triunfaram no passado. Não foi simplesmente pelo cheiro da pólvora e o roncar dos canhões. O colonialismo só teve o êxito que teve, porque acima de tudo foi um grande negócio, que agora não nos cabe aqui indicar quem foram os seus grandes beneficiários. Mas uma coisa é certa, as conseqüências do mesmo não estão simplesmente no sofrimento físico e nas desigualdades sociais que vitimaram centenas ou milhares de povos no mundo inteiro. O colonialismo e o neocolonialismo são acima de tudo a venda da alma de um povo, a venda do espírito de uma nação ao diabo. São (colonialismo e neocolonialismo) a perdida de espiritualidade e falta de imaginação para livrar-se dessa saudade. Quando até jornalista estrangeiros, em detrimentos dos nacionais, são contratados para vender a maneira de como o cidadão angolano deve pensar e encarar a vida.
Há bem pouco tempo fez-se aí a conferência das marcas Made in Angola, com todas as pompas possíveis, bilhetes de entrada 1500 dólares, discursos não faltaram, possivelmente até com imitação portuguesa, já que é disso que a burguesia gosta: imitar e imitar. A pergunta é: acaso nessa conferência ou congresso alguém teve a ousadia de perguntar-se que a preferência que agora se tem dado aos jornalistas lusitanos ( e até aos ex-agentes da PIDE DGS) contraria totalmente aquilo ( o espírito) que, supostamente, as Marcas de Angola desejam traçar num futuro para o país? Ou a iniciativa de se criar uma marca com símbolos e a velha ( e boa) tradição angolana só vai valer para aqueles que têm as contas bancárias recheadas? Será que a imaginação de mobilizar o povo, agitar as multidões, coisa que o MPLA sempre soube fazer estará agora a cargo dos jornalistas portugueses?
As Marcas de Angola podem ser qualquer tipo de produto, material ou espiritual, desde um perfume ou um sabonete de fabricação nacional e até a espiritualidade de um povo refletido no lema: “Viva Angola, Viva o MPLA, de Cabinda ao Cunene um só Povo uma só Nação; o MPLA é o Povo, e o Povo é o MPLA”. Será que até isso, agora, estará confiado aos antigos agentes da PIDE DGS?
No início do meu artigo fui categórico e disse que estava tentando decifrar a mentalidade de certas pessoas. E nisso podemos concluir que: ou essa gente perdeu a vergonha de verdade e enlouqueceram; ou então é gente que continua em pé de guerra, e o objetivo desta guerra consiste em enganar as pessoas; ou simplesmente venderem a alma desse povo ao diabo!
De uma coisa estamos certos, eles não vencerão!
* Nelo de Carvalho/Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Fonte: WWW.blog.comunidades.net/nelo