Lisboa - O secretário-geral da Amnistia Internacional declarou hoje à agência Lusa que a organização de defesa dos Direitos Humanos "está muito preocupada" com a pressão sobre a imprensa exercida em países da CPLP como Angola, Moçambique ou Guiné Equatorial.

Fonte: Lusa

"Estamos a monitorizar Angola muito atentamente. Estamos muito preocupados com Angola [no que toca a pressões sobre os jornalistas]. Também na Guiné Equatorial. Agora temos um escritório em Joanesburgo, que está a monitorizar a situação em Angola e Moçambique de muito mais perto", disse à Lusa Salil Shetty, à margem da Web Summit que decorre em Lisboa.

 

O responsável máximo da Amnistia Internacional considerou mesmo que as questões relacionadas com a liberdade de imprensa nestes países representa "uma preocupação séria".


Na conferência que deu na Web Summit, subordinada ao tema "Should the Internet be a safe place?" (Deveria a Internet ser um local seguro?), Salil Shetty considerou que "a tecnologia ajudou as pessoas de todo o mundo a perceberem melhor os seus direitos e ajudou a que os governos pudessem ser mais responsabilizados pelas suas ações".


"A Amnistia Internacional é uma grande apoiante das mudanças positivas da tecnologia. O desafio agora é que os governos e as empresas, e algumas forças muito obscuras, estão a usar o mesmo poder da tecnologia para atormentar os ativistas, para atormentar as pessoas que eles consideram ter uma visão de oposição", afirmou o responsável da Amnistia Internacional.


Para Salil Shetty, "na Turquia, por exemplo, se quisermos conhecer jornalistas, o melhor sítio para os encontrar é na prisão. Para não falar na China ou no Irão".


"E quando falamos em ativistas até parece que estamos a falar de pessoas que fazem isto profissionalmente, quando podem ser estudantes, advogados, pessoas 'normais' que estão sob ameaça" de governos menos escrupulosos, realçou.


À Lusa, Shetty destacou o caso do Brasil no que toca à privacidade na Internet.


"Todas estas questões sobre a privacidade na Internet são igualmente verdadeiras no Brasil. As contas da Dilma [presidente afastada no âmbito de um processo de destituição] foram alvo de "hackers", nós sabemos isso. Os brasileiros estão muito mais ativos neste tema", disse o dirigente da Amnistia Internacional.


"Mas acho que é um tema global, acredito que todos os países lusófonos têm os mesmos problemas", sublinhou.