Luanda   -  “País contará com mil novos autocarros para transporte público.” In jornal o País, 07 Novembro de 2016. Até aqui, tudo corre e sabe bem. É dever do Governo propiciar melhores condições as populações e, contudo, em tempos difíceis como os actuais, velar pela melhoria da mobilidade e garantia dos transportes públicos.
 
Fonte: Club-k.net
 
Até 2015, os discursos cingiam-se na atracção de investimento estrangeiro para Angola, e ajudar na diversificação da economia local, redução do desemprego e apoio ao executivo no desenvolvimento de políticas públicas.
 
 
Investidores há que fecharam os olhos e mergulharam na árdua aventura de investir no país (corajosos e atrevidos) e, assim, colmatar algumas necessidades. Geraram postos de trabalho, contribuíram significativamente na melhoria das condições de vida da população. Formaram quadros e, claro, contribuições fiscais.
 
 
Mas, voltando ao tema dos autocarros, como cabe ao Governo a importação de mil autocarros a República Popular da China, cujos moldes desconhecemos, quando temos cá importadores oficiais de marcas, parceiros do estado há largos anos, com capacidade para dar resposta a esta situação ou necessidade?
 
 
A experiência já nos mostrou, inúmeras vezes, que veículos importados na república popular da China e comercializados cá em Angola são um erro. São muitos os indicadores mas, ao que parece, lição não tiramos. Mas, levanto aqui uma questão, os importadores foram consultados? Será que não têm capacidade de resposta a esta necessidade do Governo Angolano? Está assegurada a questão das assistências técnicas para estes mil autocarros?
 
 
Aliás, foram as medidas do executivo segundo ao qual todas as empresas teriam de incorporar na sua estrutura os serviços de pós venda, por forma a garantir assistência técnica e manutenção para às viaturas e, somos surpreendidos, a cada dia que passa, por acções completamente distanciadas do que se diz.
 
 
Ainda tem o mais grave. O decreto presidencial, datado de 15 de Setembro, onde o Presidente da República autoriza a compra, através do Ministério dos Transportes, de 4.500 viaturas, num investimento de 786 milhões de dólares.
 
O primeiro desses contratos prevê a compra à empresa ASPERBRAS (importadora para Angola de Camiões e Autocarros VW)de 1.500 autocarros para transporte escolar, por 383,5 milhões de dólares.
 
 
O segundo autoriza a compra à Amer-Com Corporation de 1.272 viaturas para "ampliar a oferta de serviços de transportes de passageiros e de mercadorias e apoiar a atividade produtiva", num negócio de 191,5 milhões de dólares.
 
 
Por último, o terceiro despacho autoriza, igualmente o Ministério dos Transportes, a comprar também à Amer-Com Corporation (empresa sediada em Miami, afecta ao ramo da construção civil), 1.700 viaturas, por 208,3 milhões de dólares. (http://noticias.sapo.ao/lusa/artigo/21288318.html).
 
 
Quanto aos players do mercado, não foram tidos nem achados. Recentemente, e de forma distraída, encontrava-se num destes enormes aeroportos internacionais que ligam o mundo. E, começo por apreciar o movimento dos autocarros que transportam passageiros. Conhecidos por Cobus. Fui igualmente esclarecida que são fabricados pelo grupo Salvador Caetano, por sinal em Angola há largos anos, e 80% dos aeroportos espalhados pelo mundo são “servidos” por estes autocarros.
 
 
O Estado não está unicamente a contribuir para manter a facturação do grupo, mas a garantir o emprego de milhares de jovens que correm o risco de ir para casa, tal como já fez outros tempos. Mas, aproveito para aqui responder aquelas questões que ainda não foram levantadas “As viaturas estão a ser adquiridas no quadro da linha de crédito Angola China” haaa tá!
 
Mas, afinal o que fazem os Governos em tempo de crise com os empresários? 
 
Carolina Barros