Lisboa  - A Economist Intelligence Unit considera que o crédito malparado em Angola deverá "aumentar significativamente" nos próximos dois anos, destacando que o banco central, apesar dos bons esforços, tem uma capacidade limitada para modernizar o setor.

Fonte: Lusa

Num relatório especial sobre a banca, enviado esta semana aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, a unidade de análise económica da revista britânica 'The Economist' afirma "esperar que o crédito malparado aumente significativamente em 2016 e 2017, devido ao contínuo abrandamento económico por causa dos preços baratos do petróleo".


Na análise, os analistas usam os dados do relatório da Deloitte 'Banca em Análise', de outubro, para lembrar que o crédito malparado (os empréstimos que os bancos não conseguem cobrar) subiu para mais de 2 mil milhões de dólares, o equivalente a 13% dos ativos do setor bancário no país.

 

O documento lembra que "vários projetos económicos e de construção foram suspensos, incluindo os pagos pelo Estado, o maior financiador do desenvolvimento de infraestruturas", e sublinha o efeito que isso teve no desempenho económico de muitas pequenas e médias empresas, principalmente as que tinham mais trabalhos estatais.

 

Destacando as melhorias no setor bancário, cujos ativos subiram 5,4% no ano passado, a EIU nota, no entanto, que "os preços baratos do petróleo, que causaram um abrandamento na economia e levaram a uma significativa desvalorização do kwanza, permanecem um desafio significativo para as instituições financeiras do país a médio prazo".

 

Outro dos desafios sublinhados na análise é a regulação pelo banco central, que é elogiado por via do novo presidente: "O empenho nas reformas é positivo, mas em última análise, o maior desafio do Banco Nacional de Angola no próximo ano é conter o impacto do baixo valor da moeda e os efeitos do abrandamento económico no recurso e desempenho do crédito", diz a EIU.

 

O problema, concluem, é que "os poderes do BNA para lidar com estes desafios são limitados, uma vez que o ambiente macroeconómico vai continuar a depender mais dos preços do petróleo e da gestão orçamental"