Luanda - “Quatro décimas e tal depois Vivo ainda ensaios da liberdade. Tempos de vacas gordas e mentes ocas Onde a mola do interruptor não se aguenta em pé. Agora ouço o hino entoado pelos mosquitos Zumbidos em tons poucos sinfónicos e melancólicos Sendo enxotado Estrangeiremos-me no próprio lar Sem lâminas para combater Resta-me uivar na certeza de uma esperança (in)certa. “


Fonte: Club-k.net


... Com os pensamentos a gaguejar tentamos a bem ou a mal defender, justificando algumas (in)verdades em tons coloridos de insatisfação. É verdade. Meus ancestrais sempre disseram que feitiço não ultrapassa mares mas a tecnologia que nós adoptamos algumas vezes atraiçoam-nos. Cambadas de “invejosos” foram procurar furo nas nossas cuecas. E ainda tiveram a paciência para contar 200 e quarenta e tal, na casa dos milhares, garrafas do etílico da nobreza. Isso é muita paciência. Se fosse da cevada, estaríamos “paiados”.

 

Mas uma questão me inquieta: Somos ou não culpados desta “inveja” europeia? Somos sim culpados. Se soubéssemos varrer o nosso lixo e colocar bem debaixo do tapete, ninguém viria cá destapar. O trabalho doméstico sempre bem feito, orgulha. Mas não conseguimos. Temos dado bandeiras nalguns aspectos e muitos bem aos nossos olhos. Ontem ao sair do serviço fui acompanhar uma contemporânea a levar alguns donativos à uma casa de acolhimento. Pelo que lá vi fiquei “SIC”. Só tristeza. Mas o que deixou-me mais “SIC” ainda foi ter visto nos semáforos, na rodovia, uma pedinte na cadeira de rodas com uma criança, acredito de 2 meses de idade, ao colo. Deu-me um asco tremendo. Fiquei enraivecido com aquela imagem. Como as nossas autoridades permitem pedintes andarem com crianças para facilitar os pedidos nas ruas?

 

CRIANÇAS.

 

Só estamos a ver isso. Se alguém fizer uma reportagem vamos todos ficar “SICs” de novo? Tenho notado que há já um tempo pra cá que o número de surdos aumentou na nossa cidade mas os mesmos só se fazem presente nos centros comerciais, bombas de combustível e afins. Surgem a tua frente com uma carta da comunidade dos surdos de Angola a pedirem uma ajuda. Nisto os “bons surdos” também aproveitam-se e fazem a massa. É a pura inteligência ao serviço do mal. O ano está a acabar e já temos estado a ver a nossa cidade abrilhantada com os enfeites natalinos em quase todos os cantos desta urbe. Nos centros comerciais de muita aglomeração já se vê vida de festa. Coisas lindas. Até já cheguei a pensar que se a reportagem que meteu- nos “SIC” fosse feita de noite esses gajos haveriam de confundir a banda com Las Vegas mas minha tristeza tocou-me num espaço de 0.30 segundos e a realidade caiu-me: ELES IRIAM FILMAR NO CATAMBOR, FUBU, SAPÚ onde o romantismo, a noite, exibe, reside e transgride o amor surreal sob velas e candeeiros. Ali mesmo não teríamos hipóteses.


Só descobri agora que não escrevi bem o “SICK” de doente, em Inglês. FIQUEI MESMO “SICK” (DOENTE). Que o “Kota” Deus cuide de nós. Somos milhões na busca do digno pão. Lembremo-nos sempre: STOP IS MORRER!

 

Edson Nuno a.k.a Edy Lobo