Luanda - A injeção de divisas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) na banca comercial aumentou quase 27% na última semana, para 135,4 milhões de euros, mas mantém-se em mínimos do ano.

Fonte: Lusa

A informação consta do relatório semanal do BNA, libertado hoje, sobre a evolução dos mercados monetário e cambial entre 21 e 25 de novembro, contrastando com os 106,8 milhões de euros da semana anterior.


Segundo o documento, consultado pela Lusa, as divisas disponibilizadas - mantêm-se exclusivamente em euros desde março -, em vendas diretas equivalentes a 151,4 milhões de dólares, destinaram-se sobretudo a cobrir necessidades da indústria nacional (24,3 milhões de euros) e de importação de alimentos (22,4 milhões de euros), mas também operações de empresas (22,5 milhões de euros).


Foram ainda garantidas operações dos setores das telecomunicações (22,4 milhões de euros), da saúde (11,6 milhões de euros) e petrolífero, neste caso com 18,5 milhões de euros vendidos em leilão de preços.


A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, permaneceu praticamente inalterada, nos 166,725 kwanzas por cada dólar e nos 186,279 kwanzas por cada euro.


Contudo, no mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, cada dólar norte-americano custa à volta de 490 kwanzas.


Angola enfrenta uma crise financeira e económica com a forte quebra (50%) das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade e a revisão do Orçamento Geral do Estado de 2016.


A conjuntura nacional levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.


Devido ao fim de acordos com bancos estrangeiros para correspondentes bancários, a banca angolana apenas consegue comprar divisas ao BNA.


A falta de divisas dificulta ainda a transferência de salários dos trabalhadores expatriados, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.


O BNA informou a 22 de julho que está a trabalhar com os bancos comerciais numa "melhor programação na venda de divisas" para "repor de forma gradual, programada, organizada e prudente" as necessidades de todos os setores da economia.


Entre janeiro e outubro, o BNA já vendeu aos bancos angolanos cerca de oito mil milhões de dólares (7,5 mil milhões de euros) em divisas, valor que contrasta com os 15,2 mil milhões de dólares (14,2 mil milhões de euros) vendidos no mesmo período de 2015.