Luanda - O Banco Nacional de Angola (BNA) pretende obter apoio dos bancos centrais de Itália e do Reino Unido na área da regulação e supervisão bancária e no acesso a moeda estrangeira, refere um comunicado da instituição.

Fonte: Lusa

A informação foi divulgada hoje, depois de uma delegação do BNA, chefiada pelo governador do banco central, Valter Filipe, e incluindo representantes Associação Angolana de Bancos, ter visitado, a 26 de novembro, Itália e Reino Unido.

 

"A deslocação a estes países enquadra-se na estratégia de obtenção de regulação e supervisão equivalente", explica o BNA, que acertou apoios semelhantes junto dos bancos centrais de Portugal e da África do Sul.

 

Devido ao fim de acordos com bancos estrangeiros para correspondentes bancários - por violação de normais internacionais -, a banca angolana apenas consegue comprar divisas ao BNA, que por sua vez tem vindo a vender reservas internacionais para assegurar uma parte das necessidades.

 

"Pretende-se, de igual modo, fortalecer as relações com os bancos correspondentes para a criação de condições e facilidades de entrada de liquidez, através de operações de financiamento aos bancos comerciais e às empresas angolanas", informa a instituição liderada por Valter Filipe.

 

De acordo com o banco central angolano, esta deslocação enquadrou-se nas ações em curso do sistema bancário nacional junto dos centros financeiros mundiais, "no sentido de reforçar as relações de cooperação com os sistemas financeiros italiano e britânico".

 

"Bem como restabelecer a confiança, credibilidade e aprimoramento na prevenção e combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo", explica o BNA.

 

O banco central angolano vai contar com o apoio de Portugal no processo técnico para vir a ser aceite como equivalente de supervisão bancária do Banco Central Europeu (BCE).

 

A informação foi prestada por Valter Filipe, que reuniu em setembro, em Lisboa, com o governador do Banco de Portugal.

 

"Nós temos hoje o desafio ao nível europeu, que é fazemos parte da lista da equivalência da supervisão bancária com o BCE. Para tal, vamos celebrar um acordo e um trabalho conjunto com o Banco de Portugal, no sentido de criarmos todo o trabalho necessário para que Angola, o mais rápido possível, entre e seja aceite como um banco de equivalência de supervisão com o BCE", disse Valter Filipe.

 

Angola tem vindo a adotar vários instrumentos com vista a contrariar as críticas de que é alvo externamente sobre o alegado branqueamento de capitais no país, situação que tem sido agravada pela crise que o país atravessa e as dificuldades no acesso a divisas.

 

O não reconhecimento formal do BNA como entidade de supervisão pelo BCE provoca vários constrangimentos por exemplo aos bancos europeus com relações com Angola, obrigando nomeadamente ao aumento das provisões ou dificuldades no acesso a divisas.

 

Além de Portugal, o BNA já anunciou o apoio do banco central sul-africano, igualmente para assistência técnica a Angola, para adequação às regras da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

 

"A nossa estratégia passou pela África do Sul, onde vamos celebrar um acordo de assistência técnica e de formação de recursos humanos porque, no âmbito da SADC, o sistema financeiro angolano vai-se adequar ao sistema financeiro da África do Sul", explicou Valter Filipe.

 

O reconhecimento internacional do BNA como entidade credível de supervisão é um assunto particularmente relevante para a banca angolana, que devido à pressão internacional tem sido afastada do acesso ao mercado de divisas (dólares).

 

Há precisamente um ano foi noticiado que a Reserva Federal dos Estados Unidos decidiu suspender a venda de dólares a bancos sediados em Angola, devido à alegada contínua violação das regras de regulação do setor e suspeita de que o país possa estar a financiar redes de terrorismo.