Luanda - Depois das chamas que deflagraram no prédio da ECIL, na Quarta-feira, 23, os moradores continuam ao relento, sem saberem que destino lhes será dado. A administração do distrito urbano da Ingombota não se pronunciou sobre o assunto até ao momento.

Fonte: Opais

Os moradores do prédio da Ecil, onde ocorreu um incêndio de grandes proporções em, consequência de um aquecimento de geradores, conforme explicou à imprensa o secretário de Estado do Interior, Eugénio Laborinho, afirmam que até ontem não tinham recebido qualquer informação sobre o seu alojamento, facto que está a deixá-los de ânimos exaltados.

 

Alguns pernoitaram ao relento, outros no interior de viaturas, enquanto outros refugiaram-se na casa de familiares. Esta situação está a preocupá-los porque não sabem onde vão passar os próximos dias, tal como afirmou Leandro Silva, morador do referido prédio há mais de 20 anos.

 

“Não sabemos se vamos ser alojados ou se continuaremos a pernoitar na rua, uma vez que até agora nenhum funcionário da Administração do Distrito Urbano da Ingombota se pronunciou”, assinalou.

 

Os desabrigados dizem não entender o motivo do silêncio das autoridades, visto que pela manhã era visível a presença de alguns funcionários da Administração no local, que faziam levantamentos sobre o número de apartamentos e de moradores que ficaram sem tecto.

 

Entretanto, a acção dos técnicos não passou disso, visto que até ao fecho desta edição não havia confirmação de um possível alojamento e os moradores continuavam ao relento. António Mayanputo, morador há mais de 30 anos no edifício, mostrou-se agastado com o volume de informações distorcidas que têm sido veiculadas a respeito do paradeiro que se dará aos moradores.

 

“Ouvi na rádio que fomos alojados, é pura mentira. Dormimos na rua. Estão a passar informações erradas”, explicou, acrescentando que o normal seria reunirem com os moradores do prédio e prestar algum esclarecimentos sobre as medidas que serão tomadas posteriormente.

 

Para si, o comportamento dos funcionários da Administração revela falta de interesse, porque eles constataram que nos passeios de outros prédios ao redor estão sentadas senhoras com idade avançada e mereciam outra forma de tratamento. Segundo apurou OPAÍS na manhã de ontem, alguns moradores mostravam-se enfurecidos pelo facto de não terem nenhuma assistência de alimentação e água. “Desde manhã nem uma garrafa de água nos deram”.

Angolissar quer autorização para colocar novo gerador

Este jornal contactou a direcção da empresa Angolissar, que tem escritórios no referido prédio, tendo o seu director de importação, João Maria, afirmado que tiveram danos apenas com o gerador. “O escritório continua intacto, tivemos prejuízos apenas com o gerador. Não sei dizer exactamente em quanto está orçado”, acrescentando que tão logo lhes seja autorizado vão substitui-lo e dar sequência às suas actividades.

Administração reme-te-se ao silêncio

 

Durante a permanência da equipa de reportagem deste jornal no local, foi possível constatar a presença da equipa de funcionários da Administração do Distrito Urbano da Ingombota, incluindo funcionários dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros( SPCB).

 

Ao serem interpelados pelo OPAÍS afirmaram que estavam a proceder ao levantamento dos apartamentos, dos habitantes e sobre os danos causados. Sendo que posteriormente seriam prestados mais esclarecimentos.

 

“Estamos a recolher os dados e depois vamos passar as informações”, garantiu um dos técnicos do (SPCB). Entretanto, três horas depois não obtivemos resposta alguma, visto que os mesmos se haviam ausentado do plantão. OPAÍS tentou ainda o contacto com responsáveis da Comissão Administrativa da Cidade de Luanda (CACL), porém esses mostraram-se indisponíveis a falar à nossa reportagem.

 

De frisar que pelo menos 10 apartamentos foram afectados pelas chamas. Alguns moradores tiveram as suas residências parcialmente carbonizadas enquanto outros perderam 90 por cento dos respectivos bens.