Principais razões invocadas para
apresentar o discurso como impróprio:

- É contraproducente agitar política e eleitoralmente temas como a guerra, independentemente da sua abordagem; a guerra e respectivas sequelas (estas ainda perduram), está associada a uma memória repulsiva.

- A ânsia maior da sociedade e do eleitorado são a concórdia e bem estar – que o cidadão comum pressente ameaçados pela linha radical da retórica do MPLA.

Em reunião informal recente foi apontada a "experiência" de uma angolana que acompanhou de perto as eleições de 1999, em Moçambique, a qual relaciona os revezes da Frelimo e de Joaquim Chissano, entretanto superados, com um discurso anti-Renamo perpassado de evocações da guerra civil que durou até 1994.

O discurso do MPLA é baseado em "incursões" ao passado de guerra, calculadas para apresentar a UNITA como "parte má" do conflito (o próprio, implicitamente, como "parte boa"); ou em processos de intenção como o de que a UNITA ainda dispõe de condições retornar à guerra e comete actos como o de esburacar estradas reconstruídas.

A radicalização do discurso do MPLA, em geral protagonizada por dirigentes veteranos, é decorrente de intentos de intimidação da UNITA e do seu eleitorado, em especial no interior do território; mas também de atenuação de responsabilidades comumente atribuídas ao regime pelo estado incipiente da reconstrução do país (infraestruturas).

Prevê-se que a presente radicalização venha seguidamente a dar lugar, a "medidas activas" de segurança, conforme terminologia usada, tendo em vista tentar dividir e confundir a UNITA;  medidas similares estão em curso relativamente a outros partidos, em especial o PRS e Padepa.

Os aliciamentos individuais tradicionalmente usados como "medidas activas" capazes de desorientar e enfraquecer a oposição, especialmente a UNITA, são agora menos viáveis que no passado; o MPLA já não é visto como partido sempiterno no poder,  sendo inconvenientes comprometimentos com o mesmo.

Fonte: Africa Monitor