Luanda - Há cerca de mais ou menos uma semana, lí com a devida atenção, aliás é próprio meu, quando leio os textos do meu compatriota e jornalista Reginaldo Silva, a quém admiro, respeito e tiro mesmo o “chapéu”, pela coragem, franqueza e frontalidade, em abordar com muita regularidade, questões candentes da vida nacional.

 
Fonte: Club-k.net
 
Entretanto, chamou-me particular atenção, sua preocupação, exposta no texto: “Que estratégias eleitorais teremos sem JES na corrida?
 
 
A abordagem foi de facto oportuna e até mesmo interessante. Entretanto, num sistema de eleição tão “subjectivo” e impessoal, como o prescrito na nossa “érbida” Constituição, a figura "Cabeça de Lista" acaba por ser esvaziada tornando-se irrelevante em campanhas eleitorais. Enquanto nos partidos na Oposição, que aspiram o poder, esta figura é de facto relevante, já no MPLA, detentora do poder real, o candidato que, na realidade não é candidato nenhum, mas simplesmente o cabeça de Lista á deputado á Assembleia Nacional, é aquele que se beneficia do resultado final. Ele, JES, apenas ganhou os “louros” da campanha que lhe foi feita sem qualquer engajamento pessoal, típicos de um verdadeiro candidato. Temos exemplos frescos e bastante elucidativos das presidenciais nos EUA, na França e até mesmo na Alemanha, que em breve entrará em “febre eleitoral”. Desde a vigência deste maldito sistema de eleição de um PR nesses moldes, ficou provado que, se JES foi eleito Presidente da República, foi graças ao que ainda restou do MPLA naquela altura, em termos de popularidade. O próprio alegado “candidato” nada fez, simplesmente apanhou uma “carona” do partido e chegando á Presidente da República sem evidar qualquer esforço.
 
 
Só isso é que explica, porque JES está tão relaxado e á vontade quanto a questão da sucessão, enquanto pessoas há, que não dormem tranquilos, pensando no ímpasse em volta do assunto.
 
 
É que os pouco mais de 37 anos de regência, JES está mais do enorme “vácuo” em jeito de facilidade para ele, que a nossa constituição oferece. Escrevendo em “miudinhos”, JES não tem como se preocupar em passar formalmente o testemunho á outro potencial “cabeça de lista”, pois ele bem sabe que, essa figura é utópica e não joga papel relevante nenhum, em campanhas eleitorais, porque essas, lhe são feitas pelo partido.
 
 
Portanto, não há qualquer estratégia em torno no impasse  voluntariamente criado em torno na questão da formalização do anúncio. Caso haja, então ela é, á todos os títulos contraproducente, porque a saída de JES é irreversível. É que ainda que ele não o queira, o MPLA já não suportaria um “cabeça de lista” de nome JES, por incumprimento de palavra, incoerência e até mesmo, flata de respeito para com a nação inteira. Como se não bastasse, a idade também não perdoa. E na política, a medida que os grandes líderes vão envelhecendo mais expostos a desobediência de ontrem estão.
 
 
Conclusão: Se JES anuncia agora ou se o faz um mês antes do pleito eleitoral, com pompa e circunstâncias, como muitos no MPLA assim o desejam; ou sem elas, é irrelevante e indiferente, porque em caso de victória quem a daria, seria o MPLA, enquanto partido e não o “candidato” utópico.
 
 
 
Eu gostaria é de ver esse sistema a vigorar mais uma vez, mas num cenário em que o MPLA seja oposição . . . Aí sim é que seriam elas. .