Ndalatando - O secretário provincial do Cuanza Norte da Unta e membro efectivo do Comité Permanente da Comissão Política desta organização partidária, Joaquim Sutila, renunciou terça-feira, em Ndalatando, capital da província, ao partido em que militou durante 20 anos, anunciando a sua filiação ao MPLA.

Fonte: Angop

Falando em conferencia de imprensa convocado a propósito, Joaquim Sutila disse que a incompatibilidade de ideais, tribalismo e regionalismo foram as razões que o levaram a demarcar-se daquele partido, após concluir que já não se revia naquela organização.

 

“ Depois de uma profunda reflexão, cheguei a conclusão de que já não me revejo na actuação e manipulações da direcção da Unita, pelo que achei por bem, e de forma livre, cessar a minha militância naquele partido", sublinhou.

 

Segundo aferiu, o desprezo a que estão votados muitos quadros do partido dispersos pelo país, a descriminação, separação, tribalismo, regionalismo, assim como a deturpação do projecto Muangai, pela actual direcção da Unita, são outras das razões da sua renúncia ao partido do “Galo Negro”.

 

“Eu militante da Unita a mais de 20 anos, quanto entrei neste partido acreditava que o projecto Muangai era de facto grande projecto para Angola e os angolanos sem descriminação, mas volvidos estes anos todos de militância fui vendo que o projecto Muangai não era realmente aquilo que consagra e nem é posto em prática”, salientou.

 

O ex-dirigente acusa ainda a Unita de ser uma organização tribal e regionalista, onde muitos quadros do partido que não são da zona Centro ou Sul do país, ou que não estiveram nas matas não são considerados “verdadeiros” militantes.

 

“Por isso e outros factores e por minha livre vontade renuncio a Unita e filio-me ao MPLA, partido com sentido de estado e de governo”, sentenciou o ex-secretario provincial da Unita.

 

Joaquim Sutila denunciou também a existência no Cuanza Norte de dois secretariados provinciais da Unita, sendo um oficial, até então dirigido por si e um outro oficioso, com as mesmas atribuição e que funciona e executa de forma clandestina as acções do partido, situado no bairro Sassa, arredores da cidade de Ndalatando, dirigido por um ex-militar das FALA, oriundo da região Centro ou Sul do país, cujo nome não precisou.

 

“Do mesmo modo como ingressei na Unita, assim também o faço, renunciando do partido, pois entendo que não existe no seio deste a liberdade que precisamos e ingresso deste modo num outro partido, o MPLA, que entendo não existir todos estes males que acabei de citar e com vocação de governação”, frisou.

 

Joaquim Sutila disse que quer ver Angola a progredir, para a felicidade de todos os angolanos e promete trabalhar com os demais membros do MPLA na região, para o crescimento e desenvolvimento do Cuanza Norte.

Para si, a Unita não se adapta a actual conjuntura do país e lembrou os pressupostos legais plasmados na Constituição da República, que conferem a todo o cidadão angolano o direito de aderir ao partido que responda aos seus anseios.

 

Espera que antigos companheiros seus façam igualmente uma profunda reflexão, em função da sua decisão de desvinculação da Unita, e sigam o mesmo caminho.

 

Por outro lado, afirmou que a esta sua demarcação é ambicionada por muitos dos seus companheiros na província do Cuanza Norte, em particular, e no país em geral, aos quais encorajou-os a encaminharem-se para o lado da verdade e, de mãos dadas, darem o seu contributo na defesa dos interesses do país.

 

Ao líder da Unita, Isaías Samakuva, o dirigente demissionário avisou-o do perigo que o partido corre com os aqueles males que acabou de enumerar, sobretudo, as acções de difamação e calúnia que o secretariado oficioso da organização tem vindo a desenvolver.

 

Joaquim Sutila, 48 anos de idade, mais de 20 dos quais a militar na UNITA, já foi funcionário deste partido junto a Assembleia Nacional e no secretariado provincial da organização no Bengo, jornalista da Rádio Despertar, era o secretário provincial do “Galo Negro”, no Cuanza Norte, desde Fevereiro de 2014.

 

O mesmo substitui no cargo o anterior secretário provincial desta formação política na região, Gabriel Venâncio Barros, que exerceu o referido cargo de 2012 a 2014.

 

No quadro das celebrações do 60º aniversário do MPLA, assinalado sábado último, 10 de Dezembro, sob o signo “MPLA com o povo rumo a vitória”, no Cuanza Norte, 30 militantes da Unita e 200 da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA – CE), renunciaram os respectivos partidos e ingressaram ao MPLA.