Luanda - A Destruição da educação como uma das formas de manutenção do poder, também foi seguida noutras ditaduras da história, p.ex. no Brasil e na Alemanha de Hitler destruíram e controlaram o ensino de tal forma que até a educação foi personificada nos líderes. No caso de Angola, gostaria denunciar que o programa curricular de educação moral e cívica tem marcas partidárias (para não falar de todo o sistema educativo).

Esta marca evidencia-se no facto de colocarem a pessoa do Presidente da República como matéria de abordagem na sexta classe. A isto chamam moral.Que baixaria! Outro facto bárbaro que demonstra a intenção deliberada deste regime de vampiros e descarados, é a inviabilização da construção da cidade universitária no Camama, uma obra que já vai a seis anos, mas como sabem que os preservativos eleitorais (povo) analfabetos são ventrilogos – só estão preocupados com o estômago, com projectos imediatistas, próprios dos iletrados – fizeram questão de construir em menos de um ano, os famosos «Nosso Super» em todo país, para atraírem o eleitorado que garantiria a manutenção do poder (apesar disto e doutros atractivos não se coibiram de fabricar o resultado eleitoral).

 Curiosamente, o grupo dominante colocou nos panfletos eleitorais, informações segundo as quais em seis anos do calar dos canhões construíram a cidade universitária. Mentirosos! Isto demonstra claramente de que incorporaram bem a amoralidade política de Maquiavel, aliás, o que este regime mais sabe fazer a trinta e cincos anos é a mentira, p.ex. fizeram que o povo cresse que a FNLA é um partido de canibais, ao colocarem em congeladores, pessoas mortas por eles alguns anos depois da descolonização; falsificaram golpe de estado em 77 e 2006; levaram o povo à crer que Savimbi havia afirmado que os malanjinos empurrariam o comboio com os dentes; etc., etc.

A "reforma educativa", é outro plano maquiavélico evidente para destruição da consciência colectiva dos angolanos, senão vejamos, esta reforma não está a cumprir as fases que ela comporta. Umas das fases que foi omitida é a fase de avaliação – uma fase que permitiria a generalização da reforma ou não – e vimos o processo a avançar imparável. Outro pormenor grave desta reforma, prende-se com o facto de estabelecer que nas quintas e sextas classes, as oito disciplinas são suportadas por um só professor. Isto é o que? É possível que um professor domine as matérias de Matemática, História, Geografia, Música, Educação Laboral, Educação Visual e Plástica, Educação Moral e Cívica, Educação Física e Língua Portuguesa?

Os institutos médios técnicos, que é uma espécie de receita que evocam constantemente como o único caminho que os iluminados do partido conceberam como aquilo que nos levará ao desenvolvimento, tem muitas insuficiências e cito apenas  duas  gravíssimas: a primeira tem a ver com a falta de racionalidade humanista e ética, comportando somente cadeiras técnicas, causando um vazio moral muito grande nos formandos. É a velha maca de confundir educação com instrução! A segunda prende-se com a falta de técnicos qualificados para leccionarem os tais cursos e quando aparecem não têm agregação pedagógica, resultado: não temos pessoas instruídas nem educadas, é o terramoto que eles querem. Assim garante-se de facto o poder. Importa frisar que a educação angolana está pior do que pensamos, que te diga o Miguel Filho que tem demonstrado um pouco a podridão deste país na área da educação, por meio da sua coluna neste jornal. 
No plano religioso, servem-se da religião como um grande instrumento para os seus fins tal como confirmou involuntariamente o ex-vicepresidente do grupo dominante Pitra Neto, no seu livro "… As nossas razões para a vitória " (título com erro metodológico, por estar na primeira pessoa, mas não é isto que nos interessa. Seria admissível se fosse um livro autobiográfico). Ao analisar as razoes que os levou a vitória, fala da relação com as igrejas como um meio fundamental (p.52 ss.). Esqueceu de evocar a fraude como o factor número um!
Ainda no âmbito do uso da igreja como «cimento social» ao serviço do estado, não é ingénuo evocarmos a hipótese de promoverem o aparecimento explosivo de seitas para que possam livrar-se de qualquer responsabilidade dos fracassos das suas políticas socais e económicas. Explico-me. Normalmente, as seitas ou grupos religiosos independente, fazem todo o tipo de promessas para a resolução dos problemas dos fiéis: problemas sociais, físicos e psicológicos. Demonstram também a causa que recai exclusivamente ao demónio, o diabo! Em vez das pessoas atribuírem a causa das doenças as más condições de salubridade, ausência de uma medicina preventiva, a falta de água, habitação, luz e ao analfabetismo que tem culpados, não, atribuem ao demónio. Quando têm problemas para resolver, vão a busca de soluções que tem a fonte na igreja que lhes promete ser ricos em menos de dois ou três dias, curar doenças graves como a SIDA, o cancro ou a febretifoide prolongada, o dará emprego, bom salário, casa, o trará o homem da sua vida, etc.

Este ambiente de explosão sectária sem precedentes, beneficia o regime, na medida em que atribuem a causa dos males sociais ao diabo e não as más políticas, dai que não é demais hipotisar de que o regime promove as seitas (ao estilo de Maquiavel claro) para manter-se descansado sem qualquer pressão popular. (Cf.Fernandes, João Pedro, A Igreja e a Promoção da Justiça Social…, in Justiça Social, CEAST ∕CCM pp.257-8).

Não menos importante é saber a forma como muitos clérigos fizeram "prostituição política" durante a campanha eleitoral – prostituição política que foi denunciada por Fernando Macedo – Isto confirma que até a igreja está bem nas «axilas do partido» dominante, até porque a muitos lhes foi atribuído carros e outros bens. Hoje até na igreja já não se pode confiar. Todas, com expcão das igrejas Adventista do Sétimo dia e as Testemunhas de Jeová. 
O comportamento político de Maquiavel que foi adoptado pelo grupo dominante pode ser avaliado em dois eixos: o filosófico-político e o ético-político.

Filosófico-político. Hoje, o mundo contemporâneo concebe a política como um exercício que visa a satisfação das pessoas por meio da promoção do bem comum que se concretiza nos direitos humanos. Porém, a filosofia política, hodiernamente é sustentada na elevação total e inquestionável da dignidade humana…, é assim que o valor do político não está no número e na qualidade de gravatas e carros roubados que usa, mas sim, na capacidade de resolução de problemas sociais que é o seu fim último e mais nobre. Tendo como pano de fundo, os princípios filosóficos-políticos gerais que sustentam o agir político, Angola é tão-somente um pseudo-país desgovernado.

Ético-político. Para Maquiavel, a política é um campo de todo distante e separado do terreno moral. Concordamos que é um campo distinto do ético, mas não é separado, aliás, a moral derrama o seu influxo em todos os campos – na economia, na cultura, no desporto, na ciência, na arte, etc. – porque todas actividades têm como protagonista o homem, e este homem não deve ser imune de avaliações éticas no seu agir. Todo agir deve ser filtrado pela ética porque o homem comete sempre erros que podem ferir a sua dignidade ou a dignidade da alteridade.

Para o caso angolano, não necessitamos muito argumentário para concluir que o agir dos nossos pseudo-políticos dominantes é de selvagens autênticos que se sintetiza no seguinte postulado: "os fins justificam os meios", por isso é que nos matam, nos perseguem, nos excluem, tudo pela febre psíquica do poder. "Pai perdoe-os porque não sabem o que fazem" – diria Jesus Cristo, o maior mestre da humanidade – e que o tenho como protótipo de vida, testemunhando-o e falando em nome dele como o enviado!

Fonte: Folha 8