Luanda - Sinais nunca vistos estão a ser  assinalados  a cerca da previsão da  dinâmica das futuras relações  entre Angola e a África do Sul  que se estima serem  promissoras. Os sinais são sentidos, ao mais alto nível. O Presidente José Eduardo dos Santos assiste, pela primeira vez,  a tomada de posse de um Chefe de Estado sul africano. Em “retribuição”,  Jacob Zuma elegeu Luanda como a primeira capital estrangeira, a visitar logo após a sua investidura.

 Jacob Zuma é o dirigente no ANC  que mais se aplica na aproximação com Angola. A primeira  vez que veio a Luanda, a época,  Vice Presidente da Africa do Sul,  disse que não  havia “gelo para quebrar” . Assumiu a liderança do ANC e criou pontes com o MPLA, que hoje é citado na media sul africana como patrocinador da sua campanha presidencial. Nas “excelentes” relações com o MPLA, foi criada  uma comissão de consulta partidária,  a nível dos respectivos secretários gerais, ao que permite  Dino Matross, viajar  periodicamente a África do Sul em trabalho. O ANC passou a ter um interlocutor angolano, baseado em Pretoria cuja missão  é supervisionar a implementação dos trabalhos da comissão partidária.

O novo Presidente da Africa do Sul estará  rodeado de quadros com afinidades a Angola. O Vice Presidente do ANC, Kgalema Montlate, próximo a Dino Matross, é um quadro com abertura a Luanda. Foi ele quem em 2004 representou o ANC no congresso do MPLA. O embaixador sul africano em Luanda, Themba Kubheka, muito proximo a Paulo Texeira Jorge, tem forte dominio sobre  o dossiê  Angola. Viveu em Luanda, na era do apartheid. Themba Kubheka ganhou a sua importancia quando na decada de 80, foi chamado pelo entao lider do ANC,  Oliver Thambo  para ser o  assistente presidencial. Não chegou a exercer a função porque, devido a indisponibilidade, de T Kubheka a tarefa teria sido atribuída, a outro quadro partidário em ascensao, Thabo Mbeki.

O Embaixador Themba Kubheka é muito ligado ao Presidente Zuma, não obstante ao facto de pertencerem a mesma tribo.  Kubheka vêem manifestando interesse em aprofundar e aproximar o seu país com Angola. No ano passado solicitou ao seu governo a retirara discreta  em Luanda do antigo cônsul sul africano Pady (presentemente em Munich) por “falta de cooperação”. Os diplomatas sul africanos em Luanda temiam  que a recusa  excessiva de  vistos protagonizadas pelo Cônsul Pady provocaria sentimentos xenófobos contra os seus  cidadãos  residentes em Luanda, não obstante a uma desnecessária  retaliação diplomática.

Outro quadro proximo a Luanda com quem Jacob Zuma conta para trabalhar  é Billy Masetlha, um dos mais importantes quadro da inteligência sul africana. Billy tem laços de familiaridade com o embaixador sul africano em Luanda. Ao tempo do exílio, isto é em 1983 quando Jacob Zuma era o discreto operativo da inteligência do ANC em Maputo, a inteligência militar angolana deu treino, no ano a seguir, a  Billy Masetlha que é  hoje um dos elementos que mais  teve  contactos com os altos funcionários da inteligência externa angolana. Billy Masetlha foi a pouco tempo  Chefe dos Serviços Secretos da África do Sul da África do Sul mas demitido  pela administração Mbeki.  Jacob Zuma, o recuperou após o afastamento. Em Março de 2008, Jacob Zuma veio a Luanda e levou  discretamente Billy Masetlha.

Nas novas relações com Angola, Jacob Zuma precisara de Billy Masethla para “resolução”  de um surdo deferindo interno que ocorre em sectores da inteligência da África do sul. A dois anos atrás, levantou-se acusações que identificavam duas alas internas. A ala integrada por agentes do anterior regime e a ala formada por agentes da “escola angolana”, treinados ao tempo do exílio. Estes últimos são acusados internamente de possuírem fortes tendências a Angola.

Com Jacob Zuma, no poder, a Angola terá abertura para discutir de forma aberta a resolução de uma indiminização de cerca de  US$ 20 bilhões de dólares, que reclama a mais de três décadas. Isto é, desde 1978 que Angola vêem pedindo  reparação pelos danos matérias resultantes da invasão do regime do apartheid.. O então Ministro das relações exterior, José Eduardo dos Santos havia reclamado, na assembléia das nações unidas que os prejuízos calculados já  estavam, naquela altura em  6.700 milhões de dólares. “Muitas das estruturas destruídas ou danificadas tiveram de ser reposta pelo Governo para assegurar o funcionamento do Estado e da economia. A manutenção da política económica do plano nacional era um desafio”, dizia JES,  em Julho de 1991.

A poucos anos atrás quando Luanda indicou como seu embaixador em Pretoria, o Eng Isaac dos Anjos, o diplomata fez uma declaração sobre o assunto: “Como se trata de matéria reconhecida pelas Nações Unidas, não acredito que tenhamos problemas”. Dizia Isaac dos Anjos, em entrevista feita por Américo Gonçalves em Pretoria. Sectores  “não oficiais” na África do Sul são peremptórios em dizer, que o seu governo nada tem haver com este assunto por se tratar de  um problema do passado com o outro Governo do Apartheid. Daí que as autoridades angolanas denotavam ma vontade na administração Mandela/Mbeki em por o assunto na mesa.

Nas novas relações serão também marcada pelo interesse que desperta aos analistas face a disputa da liderança na região austral do continente. Quando Jacob Zuma  viajou em Março de 2008 a Luanda, alguns sectores, na África do Sul  levantaram as suas vezes porque entendiam que o líder do ANC estava a por-se numa situação de submissão face a Angola. Comentou-se ao facto de Zuma ter chegado de um avião posto a disposição pela presidência angolana,  numa viagem partidária mas com cunho de Estado. A sociedade acadêmica sul africana alegava que Zuma já estava a querer portar-se como um presidente já eleito e que a África do Sul  dispunha de um Ministério dos Negócios Estrangeiros com quem  Luanda poderia abordar as questões debatidas. 

Angola é vista como um país que aspira liderança da África Austral. Apreciações de inteligência, no seio do regime,  prevejam que Angola terá este protagonismo através da sua posição de segundo maior vendedor de petróleo no continente. Esta perspectiva, segundo se estima, passaria em convencer Jacob Zuma em  fazer da África do Sul um importador do petróleo angolano cujo mercado apresenta  vantagens. Por detrás desta estratégia, esta a intenção de colocar a África do Sul numa posição de dependência a Angola através da importância do petróleo. Esta é uma tese cuja hipótese é recusada em meios de expert sul africanos que evocam discrepância que os dois países apresentam em termos de economia e nível de democracia.

Uma apreciação do  “África Monitor Inteligence”, em Abril de 2008,  observou que  economia da África do Sul representa 68% do PIB da zona da SADC, que no total se eleva a USD 868 biliões e que Angola figura em segundo lugar,  com apenas  7%. De acordo com a observação, a pronunciada desproporção entre o valores do PIB de ambos os países é apontada por analistas que consideram "simplesmente megalómana" a retórica oficial angolana de equiparação à África do Sul. 

Fonte: Club-k.net/Angolense