Luanda  -  Como bom africano, com o nosso vizinho não partilhamos somente os momentos de angústia e tristeza mas os de alegria também. Por isso, sempre que me deparo com boas obras ao redor do continente africano procuro partilhar. Tanzânia, um dos países que mais sofreu com as medidas do programa de ajustamento estrutural do FMI nos meados dos anos 80 e princípios da década de 90 está hoje a trilhar um caminho que muitos não vislumbravam ser possível num contexto em que a maioria dos seus vizinhos da região (SADC) anda de rastos.

Fonte: Club-k.net
 
 Tudo se resume em um nome, John Mugufuli, presidente cujo mandato iniciou em Novembro do ano passado. Com um ano no poder, Mugufuli cortou as despesas supérfluas no aparelho do Estado, chamou os ministros a tomarem uma decisão, ou servirem o povo ou os seus próprios interesses, deixando o governo. As viagens de missões de Estado para o exterior do país passaram a ser feitas na classe económica (a filosofia do presidente é que não se pode viver acima das possibilidades quando a população não tem o mínimo). Chamou os governantes a não serem ao mesmo tempo jogadores, árbitros e treinadores nas questões económicas do país.
 
 
Alguns dos resultados de maior realce nestes primeiros 12 meses de governação de John Mugufuli destaca-se a confiança que ele conseguiu restaurar junto do sector empresarial internacional. Neste período, a Tanzânia viu a entrada de mais 1400 investimentos de empresas estrangeiras. O sector industrial é a que mais interesse tem suscitado dos investidores. O plano do governo Tanzaniano é de ver o sector industrial empregar 40% da população economicamente activa do país e contribuir com 20% ao PIB até ao ano de 2020. Ou seja, o Presidente Mugufuli quer alcançar esta meta durante o seu mandato de 5 anos. Ele acredita que se o estado for exemplar e transparente na gestão dos recursos públicos o povo ganha confiança e quando há confiança interna, a comunidade internacional apercebe-se disso e é aí que a reputação do país sobe.
 
 
Mugufuli, sempre soube que o seu país não era pobre e, tal como acontece com a maioria dos países Africanos, era mau governado. Os problemas de África estão nas suas lideranças, somos um continente rico mas mau governado. Temos sido órfãos de líderes (temos sim, um excesso de chefes).
 
 
Um outro raro exemplo de boa governação em África está, sem sombras de dúvidas, no Botswana cujo primeiro presidente, Sir Seretse Khama e o seu sucessor, Quett Masire, souberam colocar o país no trilho do desenvolvimento por meio do estabelecimento de instituições fortes. Espero abordar o caso de sucesso de Botswana neste espaço num futuro próximo.
 
 
Enfim, hoje as populações de muitos países em África sofrem devido ao isolamento em que os seus países estão sujeitos por causa da má governação e da promiscuidade na gestão macro económica.