Luanda - O Governo angolano declarou hoje o fim da epidemia de febre-amarela, que Angola enfrentou de dezembro de 2015 até junho deste ano, com 884 casos confirmados laboratorialmente de um total de 4.436 casos suspeitos e 381 óbitos.


Fonte: Lusa

Segundo o ministro, os últimos casos de febre-amarela ocorreram a 23 de junho de 2016 nos municípios de Cuanhama, província do Cunene, e Cambambe, província do Cuanza Norte.

 

Luís Gomes Sambo notou que nos últimos seis meses não foi confirmado nenhum novo caso da doença, que afetou 16 das 18 províncias de Angola, sendo as mais atingidas Luanda, Benguela, Huambo e Huíla.

 

O ministro realçou que Angola enfrentou uma das maiores epidemias de febre-amarela urbana registadas em África, que comprometeu a saúde de milhares de pessoas e sobrecarregou o serviço nacional de saúde.

 

A epidemia foi inicialmente detetada no município de Viana, em Luanda, capital de Angola, e propagou-se para outras províncias, o que foi "motivo de grande preocupação a nível nacional, uma vez que evoluiu simultaneamente com uma epidemia de malária".

 

"A nível mundial, esta situação foi motivo de apreensão pelas suas imprevisíveis consequências, devido ao risco de propagação transfronteiriça e à presença do mosquito 'Aedes aegypti', vetor da doença, em vários países de África, Ásia, Europa e América", disse.

 

Acrescentou que o surto surgiu numa altura de restrição de recursos devido à crise financeira, contudo, o Governo angolano disponibilizou fundos suficientes para o combate à epidemia, nomeadamente para a comprar de vacinas e financiamento das operações no terreno.

 

Para combater o surto, foi criado o Plano Nacional de Resposta à Epidemia de Febre-Amarela, cuja execução, o Governo angolano contou com o apoio de agências de cooperação bilateral e multilateral, organizações não-governamentais e representantes da sociedade civil.

 

De acordo com Luís Gomes Sambo, uma das principais estratégias adotadas foi a vacinação da população, tendo sido priorizados os municípios com maior risco epidemiológico em função da disponibilização de vacinas no mercado internacional.

 

Até à presente data foram vacinadas cerca de 18 milhões de pessoas, correspondente a 70% da população alvo em 85 municípios de maior risco.

 

O titular da pasta da Saúde disse que durante 2016 foi reforçado o sistema nacional de vigilância epidemiológica para a notificação e investigação de casos suspeitos, tendo sido criadas condições para a confirmação laboratorial de casos de febre-amarela.

 

"A epidemia também nos deu oportunidade de tirar lições em termos de adaptação de normas, elaboração de diretrizes, protocolos de atendimento de casos clínicos de arbovirose e melhoramento do nosso sistema de vigilância epidemiológica", referiu.

 

O ministro agradeceu o empenho de todos os nacionais e agências das Nações Unidas, em particular a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Programa de Desenvolvimento da ONU (PNUD), bem como ao Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, entre outras.

 

Os agradecimentos foram extensos também aos Governos da China, Estados Unidos da América, Rússia, Cuba, Namíbia, entre outros países "pelo seu inestimável apoio".

 

Garantiu que a vigilância vai continuar, bem como o trabalho para uma cobertura vacinal de 100 por cento da população, além de conseguir melhorar a vacinação de rotina e o meio ambiente no que toca à densidade vetorial de mosquitos transmissores da doença.