Luanda - O actual estado degradante das estradas nacionais teve como base a má elaboração dos projectos, segundo afirmação de Fernando Malheiro, director da Empresa Nacional de Elaboração de Projectos, à margem do segundo conselho consultivo do Ministério da Construção realizado em Caxito, província do Bengo. INEA anuncia solução.

Fonte: OP
É um total de 12.903 km de estradas primárias que o país tem, responsáveis pela ligação de cidades, povoações, centros de produção agrícola e industrial. Deste total, de acordo com Miguel Pipa, técnico do Fundo Rodoviário, cerca de 41 por cento encontra-se em estado de degradação, dificultando assim a circulação de pessoas e bens. Para Fernando Malheiro, director da Empresa Nacional de Elaboração de Projectos (ENEP), as estradas nacionais encontram-se degradadas por falta de 3projectos em condições. Segundo o especialista, o que define a longevidade da malha rodoviária é a excelência na estruturação dos projectos e fiscalização.

Quando isso acontece, frisou o também engenheiro, poupam-se recursos na manutenção. De acordo ainda com Fernando Malheiro, que tecia estas declarações à margem do segundo Conselho Consultivo do Ministério da Construção, cometeram-se muitos erros na elaboração dos projectos que culminaram com a construção das estradas nacionais. E o nível de degradação que elas hoje apresentam pode ser considerado um crime porque, para além dos embaraços que causam à circulação de pessoas e bens, o estado degradante das vias responde igualmente pelos altos níveis de acidentes rodoviários que vitimam vidas humanas.

“Pela forma como as estradas nacionais foram construídas, corremos o risco de seremos tratados de criminosos pelas futuras gerações. Há coisas que não se inventam. Devemos utilizar os projectos que nos trazem uma mais valia e não programas duvidosos”, atestou. No entanto, do leque de estradas nacionais em estado crítico constam a estrada 321 que liga Maria Teresa ao Dondo. Esta é a que apresenta maior preocupação por ter toda a sua extensão completamente degradada, segundo Miguel Pipa “Estamos a falar de 41 por cento das estradas nacionais degradadas.

O INEA fez o levantamento de todas as estradas. Mas a nossa incidência, enquanto Fundo Rodoviário, foi nos troços que interligam as capitais de províncias”, frisou. Já António Resende, director do Instituto Nacional de Estradas (INEA), disse não ser verdade que o país não dispõe de bons projectos. Conforme explicou, as estradas nacionais encontram-se em acelerado estado de degradação devido à ausência de um programa de conservação e manutenção contínuo e eficaz, o aumento exponencial do volume de tráfego e o excesso de cargas.

Para António Resende, a vida útil de uma estrada, previsto em projecto, só será atingida se as actividades de conservação forem iniciadas logo que os trabalhos de reabilitação ou construção estejam concluídos. O responsável considerou ser importante que se avalie permanente o desempenho da estrada, pois este processo define e permite o planeamento e aplicação atempada de investimento para preservar, adequar e prolongar a vida útil do asfalto, bem como reduz a necessidade de investimentos nas acções de reabilitação.

Troços a reabilitar com pavimentos mais robustos

Todavia, devido aos problemas advindos da degradação precoce, da experiência adquirida com os anos do programa nacional de reabilitação e construção de estradas, o INEA, de acordo com o seu director, adoptou uma nova estrutura de pavimento mais robusta, com uma plataforma alargada nas obras a serem reabilitadas nos próximos tempos. Assim, segundo António Resende, do leque de estradas inseridas no programa de conservação e que serão reabilitadas com a nova estrutura de pavimento constam a estrada numero 100 (troço: Cabo Ledo / Lobito), a 120( troço Alto Dondo / Ponte sobre o Rio Keve), a 230 ( troço Lucala / Malanje), a 321 (troço Maria Teresa / Dondo. Quando forem reabiltadas, estas estradas terão no seu revestimento betão betuminoso na base e solo lateritico na sub-base. A combinação de todos esses materiais vai garantir maior longvidade do asfalto.

Evitar despesas

O secretario de Estado da Construção, António Flor, avançou que a previsão de despesas do Ministério da Construção para 2018-2022 está fixada entre 5 e 6% da despesa nacional. Assim, as despesas previstas daquele órgão ministerial estarão focadas na reabilitação de infra-estruturas rodoviárias com uma quota situada entre 70 e 85%, e nas infra-estruturas públicas com um peso a variar entre 14 e 28%. No entanto, para se evitar desperdícios e gastos de recursos, António Flor deu a conhecer que, doravante, se vai apostar na implementação de modelos de conservação da rede viária mais eficazes.

Por outro lado, o governante assegurou que se vai incentivar a captação de investimento privado para a operacionalização da rede viária, deixando de depender apenas do investimento público. Neste processo estabelecer-se-ão a parcerias entre o sistema privado e o público para diminuir o peso do Estado.