Lisboa - O Comité de Protecção dos Jornalistas (CPJ) exigiu às autoridades angolanas que “retirem imediatamente as acusações” contra os jornalistas Rafael Morais e Mariano Brás, que esta semana foram interrogados pelo Departamento de Crimes Selectivos dos Serviços de Investigação Criminal.

Fonte: VOA

"O Ministério Público de Angola deve retirar todas as acusações contra Rafael de Morais e Mariano Brás", disse nesta quinta-feira, 29, Angela Quintal, coordenadora do programa do CPJ para África.


A responsável da organização com sede em Nova Iorque foi mais longe e afirmou que "Angola deve imediatamente parar de perseguir esses jornalistas simplesmente por fazerem o seu trabalho, informando sobre indícios de corrupção oficial".


Morais, que dirige o site anti-corrupção Maka Angola, e Mariano Brás, proprietário do semanário O Crime, foram acusados do crime de injúria.


Como a VOA noticiou esta semana, o activista e jornalista Rafael Marques foi acusado por ter publicado a 26 de Outubro um artigo em que denuncia o envolvimento do Procurador-Geral da Repúbica, João Maria de Sousa, num negócio de concessão de uma parcela de terreno de três hectares para a construção de um condomínio residencial com vista para o mar, no município do Porto-Amboim, na província do Kwanza-Sul.


Mariano Brás foi também constituído arguido por ter publicado o texto de Marques.


Rafael Marques disse ao CPJ que um procurador o interrogou por três horas no dia 27 de Dezembro, “antes de acusá-lo de crime de injúria".

 

Por seu lado, Brás afirmou ter sido questionado sobre a veracidade do relatório no seu artigo e sobre quem é o proprietário da publicação.


O jornalista Rafael Marques revelou ao CPJ que, antes de publicar o artigo, ele enviou várias perguntas ao procurador-geral, mas não recebeu qualquer resposta e lembrou que “escreveu anteriormente sobre as supostas atividades de corrupção de Sousa”.


Num comunicado publicado no seu site, o CPJ lembra que Marques foi condenado a seis meses de prisão por difamar os generais angolanos no seu livro "Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupão em Angola”, que documenta alegações de tortura e assassinato em campos de diamantes.


Brás, por seu lado, está sob investigação desde Junho de 2015 por suposto abuso de liberdade de imprensa, difamação e injúria de autoridades públicas.