Luanda - Empresas chinesas de construção que actuam em Benguela são acusadas de tortura no local de trabalho, abolição de férias e uma péssima remuneração, muito aquém do salário mínimo, aos trabalhadores angolanos.

*João Marcos
Fonte: VOA

O Governo olha para as linhas de crédito da China como uma boa alternativa à crise, mas o Sindicato da Construção emite sinais de preocupação face às condições do trabalhador angolano.

 

Há quem já fale de escravatura com a marca do ‘‘gigante asiático’’.

 

Melhor do que a denúncia do Sindicato da Construção e Habitação, apresentada já ao Ministério do Trabalho, são depoimentos de quem convive com a realidade.

 

Um funcionário de uma empresa pública que conta com a parceria de chineses revelou à VOA várias das injustiças laborais que conformam o drama de jovens angolanos.

 

Um fardo pesado para quem não sabe o que é conjugar o verbo descansar

 

“Eles não têm sentido de humanismo, já que dão trabalho forçado sem remuneração condigna. Os trabalhadores angolanos não têm descanso, trabalham de segunda a segunda. Muitos, que saem de outras províncias, morrem em estaleiros destas empresas, sem assistência’’, denuncia a mesma fonte.

 

Como se não bastasse o conjunto de violações de direitos, o cidadão nacional é submetido a torturas sempre que, por um ou outro motivo, defrauda a expectativa do empregador

 

“Na sequência de um suposto desentendimento, um chinês agrediu um angolano com uma pá. Foram várias vezes, tendo o rapaz caído. Tivemos de intervir, chamando a Polícia, que depois levou o chinês a uma esquadra para aconselhamento’’, conta.

 

Nada que não seja do conhecimento das autoridades angolanas, a acreditar nas nossas fontes.

 

O secretário-geral do Sindicato da Construção e Habitação, Albano Caley, promete continuar a defender os seus filiados.

 

Afinal, a remuneração é de 8 mil kwanzas, metade do salário mínimo em vigor.

 

Caley diz que “há, efectivamente, muitos maus-tratos nas empresas chinesas”.

 

“A isto podemos acrescentar a falta de equipamentos de protecção e a má alimentação, mas vamos continuar a denunciar, apesar de termos já feito vários informes ao Governo’’, sublinha secretário-geral do Sindicato da Construção e Habitação.

 

Consultada pela VOA, a Inspecção Geral do Trabalho, o organismo governamental que vela por direitos e deveres de empregados e empregadores, diz não ter conhecimento de situações concretas.