Luanda - A Economist Intelligence Unit (EIU) considera que as contínuas dificuldades orçamentais em Angola e a proximidade das eleições presidenciais vão potenciar o surgimento de protestos, com a repressão das autoridades a poder fomentar a instabilidade.

Fonte: Lusa

De acordo com a unidade de análise económica da revista britânica The Economist, "há o perigo de um aumento dos protestos dado as contínuas dificuldades orçamentais no ambiente atual de preços baixos do petróleo".

 

No relatório sobre o país, a que a Lusa teve acesso, os analistas económicos sublinham também que "as repressões fortes sobre os críticos podem funcionar como um catalizador para mais instabilidade sustentada", mas consideram que o partido no poder vai continuar as mesmas táticas que tem seguido até agora.

 

"O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) vai continuar a agir com força, seja através de julgamentos mediáticos, esforços para restringir o acesso aos media eletrónicos cada vez mais usados pelos apoiantes da oposição ou pelo encerramento dos protestos públicos pelos serviços de segurança, suprimindo assim tudo o que entender ser uma ameaça séria à sua hegemonia", escrevem os analistas.

 

No último relatório sobre Angola, os analistas da EIU mantêm a previsão de crescimento de 0,6% para este ano, acelerando ligeiramente a partir de 2017: "À medida que os preços do petróleo recuperam, um crescimento ligeiramente maior da despesa pública e do consumo privado deve fazer subir a taxa de crescimento para 3% em 2017 e 3,5% em 2018".

 

Estas taxas de crescimento, embora muito abaixo da média histórica dos últimos anos, podem acelerar se o acordo da OPEP em setembro sobre o limite da produção fizer aumentar os preços do petróleo, mas ainda assim a EIU mantém a previsão de um crescimento médio de 2,7% entre 2019 e 2021.

 

Angola enfrenta desde finais de 2014 uma profunda crise financeira, económica e cambial, decorrente da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo.