Luanda - O MPLA defendeu hoje que a aposta no regresso ao cultivo do algodão representa igualmente uma homenagem às vítimas do massacre de milhares de camponeses da Baixa de Cassanje, Angola, a 4 de janeiro de 1961.

Fonte: Lusa

A posição surge numa nota do bureau político do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) sobre o dia dos Mártires da Repressão Colonial, que se assinala hoje, recordando o denominado «Massacre da Baixa Cassanje», que então se «saldou entre 5.000 e 10.000 mortes» entre camponeses angolanos.

 

Milhares de camponeses dos campos de algodão da Baixa de Cassanje (ou Kassanji) , entre as províncias de Malanje e da Lunda Norte, revoltaram-se em 1961 contra a «exploração» colonial e um número indeterminado morreu na resposta do exército português, exigindo há mais de uma década uma indemnização a Lisboa.

 

O cultivo de algodão naquela área, que durante o período colonial era um dos produtos mais exportados por Angola, foi praticamente abandonado durante a guerra civil que se seguiu a 1975.

 

Após a independência nacional a produção de algodão foi abalada igualmente pela saída dos produtores portugueses que, na altura, detinham 79% da produção total.

 

«O MPLA defende que o melhor tributo a ser dado, pela sociedade, aos heróis da Baixa de Kassanji é o de fazer florescer os ricos campos dessa região, já regados, há 56 anos, com o sangue, suor e lágrimas daqueles que contribuíram para que brotassem as sementes da liberdade, que vão propiciar o aumento da produção agrícola e, mesmo, industrial, para o sustento das famílias angolanas», lê-se na nota do partido sobre a data de hoje, que chegou a ser feriado nacional.

 

O Governo angolano, através do Ministério da Agricultura, anunciou em 2016 um projeto para relançar a produção de algodão que poderia envolver 500.000 camponeses só na província de Malanje.

 

Angola produzia em 2002, no fim da guerra civil no país, cerca de cinco por cento do total de algodão a nível mundial, cultivado nas províncias do Bengo, Luanda, Cuanza Sul, Benguela, Malange, Cabinda e Huíla.

 

A cultura do algodão foi introduzida em Angola em meados do século XVI e teve como ano de referência 1872, quando foram exportadas 1.000 toneladas.