Luanda - Em condições normais, a conferência de imprensa convocada por um até então desconhecido ex-dirigente da Unita, João Culolo, tinha todos os ingredientes para evitar a mediatização que conheceu e que em nada abonou a imagem de quem a promoveu.

Fonte: Facebook

O homem, o tal de Culolo, decidiu abandonar as fileiras da direcção do partido de que era militante e, por via disso, filiar-se ao MPLA devido ao que considerou de tendências tribais e regionalista ainda existente nas hostes galináceas.


Vista a partir da planície, percebe-se claramente que tal dissidência em nada traz de novo, mais não fosse um quase disco riscado do país político sempre que os ventos das eleições começam a soprar.


Tudo o que o ‘mutante’ Culolo disse é o que há já largos anos os angolanos têm ouvido sobre o partido fundado por Jonas Savimbi. Trata-se, pois, de uma lição que os angolanos sabem de cor e salteado, sem precisar folhear a próxima página por ser algo useiro e vezeiro.


A conferência de imprensa trouxe, na verdade, uma mão cheia de nada. Já não tem o mesmo impacto, nem provoca o estardalhaço das dissidências de Tony da Costa Fernandes, Nzau Puna, Paulo Tjipilika, Jorge Valentim e outros.


Por quê? No tempo das outras dissidências havia o sabor da vitória da estratégia, do grande poder de penetração às hostes então inexpugnáveis para o desossar das fileiras inimigas.


As dissidências desses tempos novos tem o cheiro a esturro, ao oportunismo, mais a mais por se tratar de gente de segunda classe, muitos dos quais de idoneidade duvidosa que, por força disso, sequer chegam para estremecer os actuais ‘caboucos’ dos ‘maninhos’.


Para um partido com a tradição do MPLA, que se jacta aos quatro cantos da sua grandeza política não fica bem continuar a fazer alarde de uma migalha como este tal de Culolo que, vindo sabe-se lá donde, não fez mais daquilo que é apanágio de reles ‘mutantes’, que não olham a meios para a satisfação das suas muitas necessidades pessoais.


Em boa verdade, mesmo ao nível do partido que agora abandona, contar-se-ão aos dedos das mãos as pessoas que o conheçam de facto.


Como um ilustre desconhecido, alguém praticamente sem ‘pedigree’ tenha conseguido roubar tanto a cena, merecendo destaque em espaços noticiosos, quando se conhece a sua condição de autêntico ‘pé rapado’ naquilo que é a sua visibilidade política?


O que ganharão, na verdade, os ‘camaradas’ com isso? Absolutamente nada. Samakuva e pares da sua direcção já andarão certamente imunizados contra este tipo de ataques.


Numa altura como esta, andarão a assobiar de lado e com as mãos ao bolso, pois sabem de antemão que Culolo será apenas a ponta visível do iceberg do muito que vem pela frente até às eleições. É uma música que se conhece de fio a pavio e que, por via disso, exige não só uma nova versão, mas a inclusão de novos instrumentos.


Este tipo de jogada, por si só, em quase nada resultará para a ‘grande família’. É que num passado não muito distante muitos ‘culolos’ já se transferiram para o MPLA, mas nem por isso tal revelou-se num valor acrescentado. Daí a necessidade de um ‘upgrade’ profundo na estratégia de desossar o 'inimigo de estimação'.


O mais que o MPLA deve fazer de concreto é governar e, mais do que isso, governar bem, dentro da lógica de uma cada vez maior e melhor distribuição. Assim, não terá que se preocupar com gente despudorada ávida por amealhar algumas ‘moedas de prata’ para lograr resultados positivos nas eleições gerais, mais a mais em se tratando de um partido que, não raras vezes, contabiliza mais de cinco milhões de militantes.


Para quem se vangloria da sua empreendedora capacidade de formiga não tem, pois, motivos para preocupar-se com simples cigarras. Desde, é claro, que trabalhe de facto para garantir as suas provisões...