Luanda - Nos dias de hoje, ao contrário dos antanhos, passou a ser normal, entre os adultos e jovens, fazer - se as coisas e também dize - las, sem o mínimo de respeito, talvez por causa da crise de valores que recaiu sobre o cosmo actual, e que consequentemente, mudou toda a nossa forma de pensar e agir.

Fonte: Club-k.net

Na perspectiva jurídica o casamento é definido como sendo a união voluntária entre um homem e uma mulher, formalizada nos termos da lei, com o objectivo de partilhar plenamente a vida (cama e mesa). Neste sentido, a instituição do casamento funda o núcleo fundamental para a organização da sociedade que é a família, centro embrionário de todas as instituições.

 

Liga-se ainda à ideia de casamento, a casa, os utensílios e os meios necessários à sua subsistência. Numa dimensão mais transcendental, o casamento encerra um significado muito profundo, dado anteceder-se de um sim comprometido, que ultrapassa os muros do amor. A aliança, entretanto, simboliza ligação dos dois para a vida toda, por isso a imposição do véu, tem em vista a consagração da noiva a um único marido, tradição que data desde o século IV d.C. Na generalidade das nossas vivências, tem-se constatado que os casamentos estão a ser celebrados e contraídos apenas para formalizar mais um momento da vida e moda, sem convicção autêntica acerca daquilo que se quer, numa ignorância de perto sobre as promessas matrimoniais: “só a morte nos separa”, e caso se julgar peremptório, lá na outra vida e se outra vida houver, é a ti que escolho também como marido ou mulher. Na vida, quando somos e não somos, passamos a ser falsos e fragmentados e, como tal, defraudamos a confiança que granjeávamos dos outros. Entretanto, admito que já desde a antiguidade o homem teve tendências que o caracterizavam: a fragilidade que sempre decaiu sobre os seus ombros.

 

O diálogo deve ser a grande alavanca para servir de remédio às nossas insatisfações no lar e representar cada vez mais um valor acrescentado. Pois que, abrir-se com o parceiro é o maior e melhor acto penitencial, que alimenta a esmagadora população matrimonial. Quando assim não acontece, a vida transforma-se em lágrimas e lago de água suja. A falta de diálogo afasta as pessoas, mesmo que estas estejam no mesmo espaço geofísico. Por isso, quando não há mansidão no falar com o parceiro, o lar pode cair num campo de batalhas, com efeitos superiores ao das duas guerras mundiais.

 

A mão invisível do Estado precisa de ser mais forte, actuante e efectiva para que aos noivos, sejam exigidos requisitos como o MÍNIMO DE IDONEIDADE, para a educação dos filhos e o convívio com o parceiro. Isto passaria pela aplicação de programas concretos de formação dos nubentes para uma vida mais autêntica na atmosfera familiar.

 

No casamento dinheiro e outros condimentos que permitem uma saúde matrimonial adequada são importantes mas não devem estar acima do amor, de Deus e da realização do casal enquanto metades que se completam.

 

O homem e a mulher fazem o mundo. Colaboram na edificação de um planeta verde mais e melhor habitável. São os grandes motores que movem as instituições sociais que ganham corpo na vontade dos humanos; São os responsáveis por uma comunidade mais educada, evangelizada e serena.

 

O amor conjugal deve ser dedicado a uma única pessoa. Fujamos do mundo hipócrita em que as pessoas casam na singularidade e na generalidade ficam aptos e licenciados para sair e amigar com quantas quiser num olhar sereno e despido de moral da sociedade. Assim, entende-se que uma nova forma de encarar a vida num repensar às origens se mostra urgente! “Acreditar que é impossível amar sempre e apenas o cônjuge, é tão absurdo quanto a suposição de que um músico necessita de muitos instrumentos para produzir uma boa melodia”.

ADILSON SALVADOR

-JURISTA E ESCRITOR-