Luanda - Estimados leitores, amigos e não-amigos. Juro que, se depender de mim, esta é a última vez que abordo esta porcaria de assunto aqui no face. Aliás. Espero resolvê-lo, próxima e fisicamente , em outra Arena. Queiram desculpar-me pelo incomodo. Adiantemos então.

Fonte: Facebook

Há dias, ao comentar o Meu texto sobre «O vigarista do Riquinho quer guerra» alguém observou mais ou menos o seguinte: « Ora, se a empresa não era sua como é que o Riquinho fica a dever a si?». Se a pergunta não é muito inteligente é pelo menos interessante. E merece a devida resposta, quanto mais não seja, para evitar suspeições sobre a minha integridade moral, que prezo muito.


Há uma coisa no Riquinho que eu gosto muito: A sua preocupação com a publicidade dos eventos que realiza. E no caso do semanário Angolense, tinha até um carácter de obsessão. Tanto era assim que, em 2008, ele teve que cobrir com Carros(10) uma divida de mais de 200 mil dólares com um Jornal, ao tempo do Graça Campos e do Silva Candembo. Os carros já eram usados. E ficaram uns bons milhares de dólares por cobrar. Em 2010, o Jornal muda de dono, mais o homem continua a pensar que é casa da mama Joana e, não sei se com feitiço ou que, vai conseguindo fazer publicidade também a Kilape. Só que não pagava. E, estava a conta já acima dos 30 mil dólares (que não pagou até hoje), quando recebo dos novos patrões a seguinte determinação: «Senhor Salas a partir de agora, publicidade do Senhor Riquinho só apronto pagamento. Se assim não acontecer, o senhor vai pagar do Seu bolso». Isto foi em 2012 mais ou menos.


Forçado a estas novas regras e como a obsessão continuava, era vê-lo a rastejar diante de mim por «abatimentos» nas facturas da publicidade, que não era nada barato: só um anúncio de página inteira a cores custava dois mil e quinhentos dólares ou 250 mil kwanzas por edição. E com uma cunha minha junto da administração do Jornal, lá lhe consegui um desconto de 500 dólares que chegava a mil se ele contratasse mais do que um anúncio numa só edição . Melhor do que isso nem na china. No entanto não lhe dávamos esse bónus porque gostávamos bué dele mais sim porque o Jornal andava tão nú de publicidade que um ou dois anúncios por edição já o tornavam mais bonito em termos gráficos.


Por causa disso eu quase me tornei escravo do Riquinho: A publicidade chegava sempre fora de prazo, a que juntava a esfrega pelo recebimento do dinheiro, o que me fazia muitas vezes atrasar o jornal. Mais a publicidade dele não saía mesmo sem o kumbu que me era trazido por um menino chamado Victor Baronesa. Só que um dia desses ele conseguiu me fintar com um truque de que o dinheiro sempre acabaria por chegar, eu que confiasse nele, e lá mandei o Jornal para a gráfica violando a regra do pronto pagamento.


Foi o meu azar nunca mais o vi. Resultado: tive que pagar por ele do meu bolso. E foi assim que se constituiu a divida. Esse dinheiro já ficou de me ser enviado para lisboa e para o Rio de Janeiro em 2013, estando depois para me ser pago até ao último natal, antes de virar surpreendentemente «Matéria de extorsão» do credor ao devedor. Riquinho você é de mais. Você me fecha.


Portanto a divida existe e nada tem haver com o Semanário Angolense. E estou fazendo finca P na cobrança porque é um dinheiro que faz parte daquele tipo de bens que têm de ser defendidos até a última gota de sangue por terem sido obtidos com muito sacrifício. E foi o que se passou comigo como director do Semanário Angolense, pelo qual trabalhei em condições muito difíceis: Nos dias de fecho chegava a fazer mais de trinta horas seguidas atrás do computador o que era quase suicida para quem já sofria de glaucoma como eu.


Não gozei férias em cinco anos e nem me ligaram quando pedi que me substituíssem. Portanto pela qualidade do dinheiro muito mais do que a quantidade não abdicarei da cobrança do que me é devido pelo Riquinho, ainda que isso me custe a vida. E é assim: Ou ele me paga o dinheiro ou fá-lo-ei pagar por ele e pelo o abuso. Só abdicaria dele em condições especiais: pedido em público do perdão da divida ou garantia, também feita em público, de que aplicaria o dinheiro em propinas num colégio para melhoramento do seu nível académico e sobre tudo em relação ao domínio da escrita. Parece que o curso de marinheiro que o homem fez em Cuba teria melhor serventia nas cargas e descargas do porto de Luanda que em aventuras no mundo das artes e das letras.


Seja como for, se estivéssemos no Dubai por exemplo onde a moral tem muito valor o vagabundo, como diria o Silva Candembo, se calhar já teria sido enforcado a bastante tempo por gatunice. Mais por cá, nesse nosso país de bananas, ele quase é aplaudido. Pelo menos fiquei com essa impressão quando a minha amiga Amélia Aguiar manifestou a sua disponibilidade em mediar o conflito, pedindo batatinhas ao criminoso, tipo« Riquinho seja lá bonzinho paga lá o dinheiro do coitadito do salas». Amélia Aguiar o seu amigo está a comportar-se como um mero gatuno e os gatunos não devolvem o que roubam voluntariamente.


Alguém tem de o esforçar. Doe-me ver o estado impávido e sereno a observar o cometimento público de um crime contra pessoa débil, quando um simples berro lá de cima seria o suficiente para travar a bandidagem do Madié. Diante disso, resta ao cidadão reagir de alguma forma em sua defesa. E esta reacção pode ser inimaginável.


Para fechar quero pedir uma coisa: Riquinho se tiveres que responder peço-te que o faças aqui no meu mural e
não escondido aí no teu quintal, como fizeste da outra vez. Peço-te também que o faças em português e não em mandarim como tens feito. Porra, Riquinho, «você ‘num’ escreve nenhum».


Tchau. Vou preparar-me para a resistência ao inimigo nem um palmo da nossa terra, carago!