Lisboa – A polémica nomeação do superintendente Francisco S. M. Airosa no Departamento do Processamento de Salários do Comando Geral da Polícia Nacional tem vindo a despoletar várias contestações no seio da corporação. Há quem fala que o mesmo terá sido nomeado aquele cargo para reestruturar a rede – protegido por altas figuras patentes da polícia – que infiltra centenas de civis (e não só) na folha do salário.

Fonte: Club-k.net
As fontes do Club K que dominam perfeitamente a rede alegam – por unanimidade – que a sua colocação no Departamento do Processamento de Salário do Comando Geral da Polícia Nacional é para dar continuidade ao assalto nos cofres desta instituição castrense que conta com mais de 100 mil efectivos de uma forma sofisticada.

Desde que assumiu a peito o cargo, superintendente Francisco Airosa afinou drasticamente o “modus operandis” de arrecadação de valores monetários a “rede dos mafiadores”. De acordo com as nossas fontes, após várias denúncias feitas pelos órgãos de comunicação social privados, actualmente os recursos da rede provem das províncias de Malanje, Lundas Norte e Sul, Moxico, Huíla, Cabinda e Kuando Kubango através dos departamentos dos Recursos Humanos.

“A maior parte dos indivíduos que actualmente na extensa lista de salários são dessas províncias porque têm pouca visibilidade operacional”, revelaram as nossas fontes, sustentando que os responsáveis dos Departamentos dos Recursos Humanos destas províncias são mais astutos em relação aos demais na matéria de infiltração.

Como é possível se recentemente houve recadastramento em todo órgão? – questionamos. As nossas fontes deram gargalhadas... “Este processo é simplesmente uma finta que o governo deu para os gestores públicos que não sabem roubar”, ironizaram.

As mesmas explicam que “há casos em que um terceiro sub-chefe vem a receber como superintendente”. De acordo com os mesmos, existe casos de erros propositados de IBAN’S (já através do Banco de Poupança e Crédito) para beneficiar pessoas de suas conveniências.
“Isto funciona da seguinte maneira. És efectivo mas o salário cai numa segunda pessoa que não faz parte da corporação que lhe é atribuído o IBAN correcto do efectivo. Quer dizer a pessoa tem a conta bancária correcta, mas o IBAN trocado”, esclareceram.

Estes garantem que há efectivos na polícia nacional que não recebem salários a 6 meses, tudo por causa deste erro propositado. E quando reclamam juntos dos Departamentos dos Recursos Humanos são ignorados, justificando que o erro é do BPC.

De recordar que o actual responsável do Departamento do Processamento de Salário do Comando Geral foi intimado muito recentemente para justificar o desaparecimento de uma soma avultada no período em que dirigiu o Departamento dos Recursos Humanos da Unidade de Protecção Diplomática (UPD), em Luanda.

O oficial não consegue justificar “o buraco” perante o seu superior hierárquico que orientou a instauração de um processo contra o mesmo e o seu colega, identificado apenas por Kangalanga.

Fruto deste sambargamento, este oficial além de investir em vários empreendimentos, investiu igualmente num “Club” (casa noturna) que, inicialmente, se localizava no distrito da Samba. Depois de algum tempo, o mesmo estabelecimento foi transferido para rua Rei Katyavala, nos arredores de Zé Pirão, em Luanda. Actualmente, fruto de litígio com os seus sócios, o empreendimento encontra-se de porta fechadas.

Em Novembro último, o deputado Fernando Heitor manifestou-se preocupado, em Luanda, com o elevado número de trabalhadores fantasmas em vários sectores do país (incluindo na polícia nacional), pelo facto de grande parte deles ficarem com uma parte significativa do Orçamento Geral do Estado (OGE).

O parlamentar expressou esta inquietação durante a avaliação, com os auxiliares do Titular do Poder Executivo, sobre os valores alocados aos diferentes sectores ligados à área social, no âmbito do OGE referente ao exercício económico 2017.

Na ocasião, o deputado pediu ao Executivo no sentido de implementar medidas conducentes a combater o fenómeno que, em sua opinião, retira uma boa fatia do “bolo” aos funcionários honestos que realmente trabalham em prol do desenvolvimento do país.

Em resposta, o Secretário de Estado da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, António Paulo, disse que o caso dos trabalhadores fantasmas tem sido esbatido ao longo dos anos. Neste sentido, declarou que o Ministério das Finanças está a levar a cabo um processo de recadastramento e na devida altura este irá apresentar os dados.

*Evalina Ding's