Luanda - As autoridades angolanas estão a preparar a abertura do mercado de capitais a investidores estrangeiros, anunciou a presidente do Conselho de Administração da Comissão de Mercados de Capitais.

Fonte: Lusa

Este ano, o Governo ainda não emitiu dívida por não ter ainda as condições legais que decorrem da entrada em vigor do Orçamento para este ano


As autoridades angolanas estão a preparar a abertura do mercado de capitais a investidores estrangeiros, anunciou a presidente do Conselho de Administração da Comissão de Mercados de Capitais, Vera Daves, no encontro anual de quadros da instituição.

 

“Sobre a educação financeira ainda há muito a ser feito; vamos trabalhar e temos desafiado a possibilidade dos investidores não residentes a investires no mercado de capitais de Angola”, afirmou a líder da CMC em declarações citadas nos meios de comunicação estatal de Angola.

 

De acordo com Vera Daves, que não deu mais pormenores sobre a abertura do mercado a investidores estrangeiros, o Banco Nacional de Angola (BNA) e a associação de seguradores, para além da própria CMC, estão a preparar a iniciativa, que aguarda ainda a publicação de um aviso oficial por parte do BNA, no qual deverão ser fixadas as condições e os limites para os investidores não residentes fazerem parte do mercado.

 

Angola vive desde finais de 2014 uma crise financeira e económica e no OGE de 2017 as receitas fiscais só deverão cobrir 49,6% das necessidades totais, acrescido das receitas patrimoniais, com 6,7%, de acordo com o mesmo documento.

 

As receitas provenientes do endividamento público deverão atingir um peso de 43,6% do valor global inscrito no Orçamento, chegando a 3,224 biliões de kwanzas (18,2 mil milhões de euros).

 

Este ano, o Governo ainda não emitiu dívida por não ter ainda as condições legais que decorrem da entrada em vigor do Orçamento para este ano.

 

As taxas de juro a um ano ultrapassam os 24% para as emissões internas e a única emissão de títulos de dívida soberana no mercado internacional (‘eurobonds’), no valor de 1,5 mil milhões de dólares, comporta uma taxa acima de 10% nas transações entre os investidores.

 

Além de contrair nova despesa pública, no mercado interno e externo, o OGE de 2017 prevê 2,338 biliões de kwanzas (12,8 mil milhões de euros) para o serviço da dívida no próximo ano.

 

Nas contas do Governo está inscrito um défice orçamental de 5,8% do PIB em 2017, no valor de 1,139 biliões de kwanzas (6,4 mil milhões de euros).