Luanda  - Os políticos da oposição devem ouvir as pessoas para perceberem a mensagem que elas querem transmitir sobre as suas organizações partidárias e respectivas lideranças face ao desejado poder político, principalmente numa fase como esta, em que se aproxima a realização de mais um pleito eleitoral (sufrágio universal). Segundo o mais velho Lopo do Nascimento, "os partidos que não se renovam, não só do ponto de vista geracional, mas do ponto de vista das ideias, desaparecem".

 
Fonte: Club-k.net
 
O aspecto mais notável da política contemporânea, disse Cornelius Castoriadis a Daniel Mermet em Novembro de 1996, é a sua banalização e insignificância: “os políticos são tão impotentes... Já não têm programa, seu objectivo é manterem-se no cargo”.
 
 
As mudanças estruturais no seio dos partidos políticos são urgentes e necessárias para a oxigenação destas organizações. Caso contrário, vão celebrar um verdadeiro suicídio político nos próximos dias. Não é à toa que é notório o desprezo que os eleitores têm hoje pelos governantes e líderes partidários por não se sentirem representados por estes. Se quisermos descobrir quais são as raízes da crescente apatia política pelos líderes da oposição, não é preciso procurar muito; basta ver como nutrem um patológico interesse para com o parlamento, em serem Deputados.
 
 
Esta política louva e promove o conformismo. E o conformismo bem que podia ser uma bóia de salvação, mas não é, pois desvia o principal foco da política, o verdadeiro combate político para a elevação e prossecução dos interesses colectivos. Todos almejam entrar no parlamento por que este se transformou num espaço económico (negócio) da oposição! 
 
 
A OPOSIÇÃO DE FACTO JÁ NÃO EXISTE, SÓ EXISTEM NEGÓCIOS DA OPOSIÇÃO.
 
 
Há interesses instalados e cúmplices. Há membros da Oposição que têm negócios ilícitos com alguns membros do regime. Não é eticamente correcto e a pedagogia política não admite este comportamento. São eles que têm vindo a criticar o enriquecimento ilícito por parte do regime do MPLA, mas fazem negócios com eles nos bastidores! Já não queremos mais políticos bandidos.
 
 
“Por que nos preocupamos com políticos que, seja qual for a matiz, só podem prometer sempre as mesmas coisas?" (Bauman, Em Busca da Política, 2000, p.12).
 
 
Os partidos políticos em Angola encontram-se mergulhados em crises e fracassos de liderança e de não terem capacidades de agir de forma responsável. Assim, paulatinamente, o que se percebe é que a sociedade está a ganhar consciência e maturidade para não se deixar levar mais nas políticas enganadoras do tipo "vamos ganhar as eleições", "chegou o fim do regime..." e demais balelas. São tantas a barbaridade e a manipulação política nos seus discursos, que perderam a credibilidade.
 
 
Toda a oposição caiu no descrédito frente à ineficácia e à falta de acções concretas e atitudes que permitam um combate acirrado contra a fraude eleitoral e às elevadíssimas taxas de impunidades, a intocabilidade de José Eduardo dos Santos, o desrespeito ao princípio da legalidade (artigo 107.o da CRA). O que se pode concluir desse comportamento tem a ver também com o desgaste da imagem de “figurinhas” da oposição, tais como Isaías Samakuva, Eduardo Kuangana e Lucas Ngonda.
 
 
Os partidos políticos devem renovar as suas lideranças, apostando na juventude tecnicamente preparada à semelhança do que está acontecer na África do Sul. É que na África do Sul a população não quer saber nem ouvir mais do ANC. Partidos emergentes e não só colocaram nas lideranças partidárias jovens de 30/35 anos de idade. O Partido da Liberdade Económica é dirigido pelo talentoso jovem Julius Malema, que tem "escangalhado" a vida de Jacob Zuma e seu ANC. O poder natural do ANC desmoronou-se devido ao banditismo político e escândalos económicos levados a cabo pelos dirigentes partidários do ANC, como o próprio Zuma, e com o surgimento de jovens talentosos a comandar partidos na oposição, com projectos modernos e a dinâmica que se imprimiu naquele país.
 
 
Devemos reconhecer o esforço feito pelo actual Presidente da UNITA, Sr. Samakuva por ter conseguido reorganizar o partido saído da fragilidade político-militar e de lágrimas pela morte do seu líder fundador, Dr. Savimbi, morto em combate nas margens do rio Lunguebungo, na comuna do Lucusse, Província do Moxico. Havia muita divisão e intrigas dentro do Partido UNITA, mas o homem conseguiu manter o controlo do partido. Aí está: continua a cantar o seu galo. Agora é hora de abandonar a liderança do partido para deixar o testemunho aos mais jovens porque já fez tudo que tinha que fazer pelo seu partido. Ainda bem que ouvi dizer que vai deixar o partido. Só espero que não entregue a liderança a mais um angolano natural do Bié, para não ser rotulado novamente de tribalista, porque nunca concordei com este adjectivo...
 
 
Em política é mesmo assim, deve-se saber entrar e saber sair. Se ainda alimenta a esperança de um dia vir a ser Presidente de Angola, que esqueça já este sonho por completo. Parabéns antecipados por pensar em abandonar a liderança da UNITA, aliás, seria vergonhoso começar a disputar eleições com a geração actual que se prepara para assumir os futuros desafios políticos do País! Apostar na juventude é a minha recomendação.
 
 
Quando olhamos para um Eduardo Kuangana ou um Lucas Ngonda, quase sem iniciativas políticas, sem projectos de Estado, só se pode sentir muita pena! "Os homens são livres, diferentemente de possuírem o dom da liberdade enquanto agem, nem antes, nem depois; pois ser livre e agir são uma mesma coisa" (Arendt, Entre o Passado e o Futuro, p.199). Ser livre significa agir, mostrar que existe.
 
 
Ora, Eduardo Kuangana converteu-se num potencial ditador na reserva, pois não aceita ceder o poder e transformou o PRS numa firma da família Kuangana. Numa fase como esta, de pré- campanha, não se sabe ao certo onde anda e se faz o quê? Kuangana não aposta no marketing político, não sabe promover o aproveitamento político, não cria factos políticos nem apresenta ao menos um planeamento da comunicação. Quem planeja inicia um caminho para o sucesso. A falta de planeamento é o primeiro passo para o insucesso.
 
 
“Conhecer o inimigo, conhecer o terreno da luta e chegar primeiro no campo de batalha”. "Quem primeiro ocupar o campo da batalha está à vontade”. ”Quem chegar mais tarde ao local e imediatamente se atirar ao combate, já estará cansado”. (Sun Tzu, A Arte da Guerra). Por isso, eleições são guerra, sao combate, são uma corrida. 
 
Conhecer o ambiente político, conhecer os adversários e conhecer o ambiente eleitoral é importante para quando chegar a hora do embate eleitoral estar-se preparado e ser capaz de conquistar a vitória, ou seja, o sucesso eleitoral nas urnas. Neste momento tão crucial não há nenhuma iniciativa por parte dos partidinhos presididos por estes senhores.
 
 
No fim vamos conhecer o vosso sangramento eleitoral nas urna (derrota) por que não sabem investir na vossa marca que define a candidatura de um verdadeiro líder. Portanto, o meu apelo vai para a reforma destes líderes partidários da oposição. A reforma depende da mudança de mentalidade e com a remodelação da estrutura. Kuangana não pode alegar falta de dinheiro para a realização do congresso, aliás, até nem deveria mais concorrer depois de 25 anos na direcção do PRS. É demais! Não queremos mais líderes gananciosos e doidos pelo poder. Queremos líderes com visões estratégicas para salvar o País do colapso e do anarquismo eduardista.
 
 
Um político que não explora a internet numa fase como esta, sobretudo as redes sociais, para cuidar da sua imagem e definir a sua candidatura, deve esquecer o sonho de governar o País. Internet e redes sociais são poderosas armas de comunicação e marketing que permitem uma plataforma colaborativa.
 
 
“Se você não se importa com as redes, as redes se importarão com você, pois enquanto quiser viver em sociedade neste tempo e neste lugar, você terá de estar às voltas com a sociedade de redes, porque vivemos na galáxia da internet”
 
 
 (Kestons). O discurso hoje é interactivo, colocando de fora o discurso impositivo. O eleitor de hoje quer participar, quer discutir, quer analisar, quer propor, quer criticar junto do candidato. O eleitor quer ser parte no processo todo. Aprendam com o actual Presidente dos EUA, Donald Trump, que se serve do Twiter para interagir com o seu eleitorado e não só.
 
 
Cuidado, meus senhores! Vocês estão com a confiança afinada de que poderão ganhar as eleições de Agosto próximo. Esqueceram-se de que a máquina da fraude já está montada? Esqueceram-se de que o Sr. Bornito de Sousa está à frente do processo todo? Vocês não sabem que ele quer ser Vice-Presidente do País? Acham que ele vai conduzir o processo eleitoral cumprindo com a legislação eleitoral e em conformidade com a Constituição para que as eleições sejam transparentes e justas? É preciso ingenuidade político-eleitoral para acreditar nisso.
 
 
O outro aventureiro e candongueiro político é o líder do histórico partido FNLA, Lucas B. Ngonda, o qual se transformou num verdadeiro factor de instabilidade no seio do partido, ao invés de introduzir mudanças nas estruturas políticas e aproximar os irmãos desavindos para permitir a reorganização do partido que está à beira da morte (extinção). Converteu-se num dos satélites do MPLA de modo a legitimar e fazer passar projectos do MPLA a nível do Parlamento.
 
 
Neste ponto, porém, começo por saudar a iniciativa do Presidente dos Santos que, ao perceber que há um extremo declínio da confiança e elevado desprezo que os angolanos sentem por ele, em virtude dos diversos problemas que ele mesmo provocou, entendeu colocar o seu lugar "à disposição". Bem ou mal, vai sair e a história vai se encarregar de fazer julgamento do seu longo e triste consulado. Mas antes de ir, gostaria que o Presidente José Eduardo dos Santos iniciasse uma série de reformas a nível da Administração Pública, sistema de Justiça, alterar a constituição para reduzir os poderes do futuro PR e exonerar todos seus amigos e covardes que o ajudaram a anarquizar o País. Remover também o capitalismo familiar seria bom.
 
 
MPLA é um partido que não prima pela pedagogia política, governa o país da sua maneira, atropela tudo e todos. Não tem prestado contas aos cidadãos, não fornece informações antes e depois da execução das políticas públicas. É um partido que aposta fortemente na propaganda política e na mentira descarada.
 
 
Hoje, à falta de uma visão para dirigir os destinos dos angolanos, este partido preocupa-se em fazer política suja. Perde tempo em cooptar militantes inúteis de outros partidos para se fazer acreditar junto das massas. Este partido não tem nada mais a dar (aliás, nunca deu) e está sem projectos de Estado de médio e longo prazo. Vai continuar a nos roubar, matar, dividir, excluir e destruir os nossos destinos. Vivemos numa profunda incerteza. Não sabemos por aonde nos quer levar. Não há esperanças.
 
 
Não tenho dúvidas de que nas próximas eleições o regime terá maior dificuldades para convencer o eleitorado, por que o eleitorado de hoje não é o mesmo de ontem que acreditava no discurso da guerra e da manipulação política. Hoje temos eleitores que nada têm a ver com a guerra, não querem saber das maratonas, shows com músicos vendidos etc. Querem políticas que tragam melhorias nas suas vidas, como: emprego justo, educação séria, sistema de saúde funcional, água potável, saneamento básico e a implementação de um verdadeiro sistema de justiça capaz de conferir maior segurança aos investidores que queiram investir no nosso País, para ajudar no combate à fome e à pobreza. O nosso país precisa implementar políticas atractivas que possam atrair grandes investidores para sairmos deste fulminante quadro em que nos encontramos atolados. Também é necessário apostar na economia de escala e especialização de produtos que podem contribuir na redução radical de custos e melhorar a qualidade da nossa estrutura económica.
 
 
Somente aquela degradada juventude e emocionalmente instável vai acreditar nas políticas discriminatórias e criminosas do MPLA a serem apresentadas ao decorrer da campanha eleitoral deste ano. Aliás, já estão a ser manipulados com projectos enganosos e eleitoralistas como "Projovem".
 
 
Vejamos, Isabel dos Santos, filha e caixa preta do pai ditador, recorreu à China para fazer um empréstimo no valor de 5 mil milhões de dólares norte-americanos. Só que o pedido foi indeferido pelo governo da China (recusou-se em conceder o empréstimo solicitado). A pergunta que se coloca agora é a seguinte: de onde saiu o dinheiro que o regime pretende injectar no Projovem? E quais serão os beneficiados deste Projecto-Jovem? Claro, seus militantes que depois serão exibidos na TPA para passar a ideia de que os contemplados fazem parte da sociedade civil e cidadãos em geral. Conheço bem este jogo. É antigo.
 
 
“Não se pode alcançar a prosperidade desencorajando a população. Não se pode fortalecer os fracos debilitando os fortes. Não se pode ajudar o trabalhador assalariado atirando abaixo o pagador de salário”. (Abraham Lincoln). A nova forma de fazer política já não é com mentiras, mas sim acções concretas, produzir ideias e olhar aos problemas que apoquentam as populações para dar respostas imediatas quando necessário e recorrer sempre aos instrumentos científicos.
 
 
Sem dúvidas, a confiança é algo que não se conquista tão facilmente, mas constrói-se com a introdução de uma nova ordem. Esperemos que nesta nova era do MPLA pós-JES, que este partido seja capaz de acompanhar a modernidade e inovação política se ainda quiser se manter vivo politicamente, porque daqui em diante a astúcia política não terá mais lugar neste País.