Luanda - Tenho estado a ouvir alguns fazedores de opinião dizerem que o MPLA partiu à frente nesta pré-campanha eleitoral. Alguns até dão como certa até vontade de João Lourenço, cabeça de lista do MPLA, fazer um "combate cerrado" à corrupção. Alguns comentários:

Fonte: Facebook

1. Ligo depois do fim da guerra entre o MPLA e até UNITA, em 2002, o presidente Eduardo dos Santos disse que iria encetar um combate acérrimo contra a corrupção, que ele próprio considerava, mais palavra, menos palavra, como sendo o " maior mal, depois da guerra". Esse combate foi feito? NUNCA! Assistimos, bem ao contrário, a um proteccionismo declarado aos actos de corrupção levados a cabo ao mais alto nível da estrutura do governo e do MPLA, bom des caminhos de dinheiros que até ganharam uma amplitude de grandiosidade impensável. Porque razão iríamos acreditar agora que com o João Lourenço iria realizar esse combate, estando ele completamente misturador no mesmo grupo da corrupção? Combater a corrupção seria começar esse combate pelo próprio Presidente (no presente e no futuro) do MPLA. O João Lourenço conseguiria reunir coragem para combater quem o escolheu para o substituir? Ou será que o Presidente Eduardo dos Santos escolheria alguém que iria combatê-lo mal chegasse ao poder? Estará o próprio Joăo Lourenço, que nunca deixou de ser parte da estrutura de direcção dessa máquina partidária, isento dessa twia de corrupção corrosiva? Como pode haver, para esses comentaristas e até fazedores de opinião, tanta ingenuidade a ponto de não perceberem que isso será kaiser uma conversa para boi dormir?


2. Diz-se que o MPLA parte na frente de uma campanha (ou pré-campanha), por via dos actos que tem estado a realizar. Primeiro, há um ditado congolês segundo o qual "partido primeiro não significa cortar primeiro a meta", porque, se assim fosse, todas as corridas terminaram no arranque, com o determinar de quem tinha partido primeiro. E sabemos todos que assim não é nem nunca foi. Por outro lado, a UNITA não tem estado a realizar muitos mais, e até de maior relevo? Já felizmente, e mais uma vez, os órgãos de comunicação social públicos estão a ser orientados e utilizados para cobrir exageradamente os actos do MPLA e manter um silêncio sepulcral relativamente aos a actos da UNITA. onde esteve a TPA que não levou ao público os afectos tos realizados no BIÉ, no Huambo, em Benguela, etc, etc, etc? Ontem mesmo, enquanto o Vice-presidente do MPLA, João Lourenço, realizava um acto na Huila, o vice-presidente da UNITA, Raúl Danda, realizava outro, voluntária e bastante concorrido, em Cabinda. A TPA "levou" o telejornal ao Lubango e, enquanto esse telejornal durou, não se falou de noutra coisa que não fosse "João Lourenço e duas ideias mágicas", como se as houvesse. A Rádio Nacional de Angola seguir-lhe as pegadas, ontem e hoje. Sobre o acto realizado pelo Vice-presidente da UNITA, nem uma única referência. Os repórteres da TPA estiveram lá. Gravaram tudo mas, muito seguramente, para levar o material aos laboratórios do regime, para as análises habituais. Isso assim é correr com as mesmas regras?


3. Para além da TPA, RNA e Jornal de Angola, o MPLA está a utilizar recursos públicos, meios públicos, para fazer trabalho de propaganda partidária. Isso é correcto? Para esses comentaristas, esses fazedores de opinião, isso não significa nada?


4. Em Agosto será determinante o voto do Povo, mau grado esses jogos baixos por parte dos detentores do poder hoje. O Povo sabe que a situação requer uma mudança, e que esta não se fará com mudanças de cadeiras no seio da mesma oligarquia dominante. Na língua ibinda diz-se que é mais fácil curar uma doença do que curar um vício. Quem acaba de receber a missão de dar continuidade a um regime corrupto nunca vai poder combater a corrupção. Num país governado pelo único e mesmo MPLA durante os únicos 42 anos da sua existência, o que poderá trazer de novo e de diferente alguém que já foi Secretário Geral e agora Vice-presidente (sempre na estrutura de comando), escolhido pelo titular desse comando? Aliás, não terá sido despropositado o próprio candidato a Presidente da República, pelo MPLA ter dito aos órgãos de comunicação social que a sua prioridade era ganhar as eleições e que o resto viria depois. Enfim.....


5. Agosto vem aí. Será que os angolanos voltarão a deixar-se enganar pelas mesmas mentiras, com as mesmas mentiras, pelos mesmos produtores dessas mentiras, 42 anos depois? Acredito que não. Os angolanos estão muito maduros e atentos. Eu tenho fé e confiança.