Lisboa - O BCP suspeita de que o procurador Orlando Figueira, contratado em 2012 a pedido do vice-presidente de Angola no âmbito do acordo para o arquivamento de processos que também envolveu o pagamento de 763 mil euros, "fazia sair informação do banco para o exterior". No entanto, o antigo magistrado do DCIAP, agora acusado de corrupção e branqueamento, manteve-se em funções no grupo, precisamente porque a sua contratação "correspondia a satisfação do pedido de Manuel Vicente".

Fonte: CM

De acordo com a acusação do Ministério Público, foi entre maio e junho de 2014, cerca de um ano e meio depois de ter sido contratado, que "surgiram rumores dentro do Millennium BCP" de que Orlando Figueira passava informações do banco para o exterior. Os administradores do banco decidiram então que o magistrado "não reunia condições para trabalhar na área de Compliance" do BCP. A 1 de julho de 2014, transitou para o Activobank, mantendo-se, assim, no mesmo grupo financeiro, apesar de o seu contrato de prestação de serviços poder ser revogável a qualquer momento pela entidade empregadora.

 

A acusação sublinha ainda que, quando Orlando Figueira foi contratado para o BCP, o grupo encontrava-se num processo de redução de pessoal. Tudo acontece numa altura em que o angolano Carlos Silva, amigo de Manuel Vicente há vários anos, já era vice-presidente do conselho de administração do Millennium BCP.

 

Depois de uma viagem a Angola durante a qual Orlando Figueira manifestou vontade de sair do Ministério Público, o procurador almoçou com Carlos Silva, que é testemunha no processo, e com o advogado Paulo Blanco, arguido, no hotel Ritz, em Lisboa. Em menos de um mês, no início de 2012, arquivou dois processos de Vicente e viu ser autorizada a sua licença sem vencimento. Meses depois, estava no BCP.