Lisboa - Os independentistas das Forças Armadas de Cabinda (FAC) voltaram a hoje a reivindicar a autoria de ataques mortais a militares angolanos, denunciando que "civis inocentes" foram presos pelas autoridades de Angola, sob pretexto de apoiarem os guerrilheiros daquele enclave.

Fonte: DN

Num "comunicado de guerra" enviado hoje às redações e assinado pelo 'tenente-general' Alfonso Nzau, o terceiro do género em cerca de 15 dias, os independentistas de Cabinda afirmam que os dois ataques, esta semana, provocaram 10 mortos, entre os militares angolanos.

 

Não foi possível à Lusa confirmar a veracidade destas informações da Frente de Libertação do Estado de Cabinda - Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC) junto das autoridades angolanas.

 

O enclave de Cabinda, no 'onshore' e 'offshore', garante uma parte substancial da produção total de petróleo por Angola, atualmente superior a 1,6 milhões de barris por dia.

 

Segundo as FAC, o primeiro destes ataques aconteceu na terça-feira, na aldeia de Munenga, com confrontos com as Forças Armadas Angolanas (FAA) "que duraram 25 minutos", tendo provocado a morte de oito soldados angolanos e ferimentos graves noutros dois, além de um morto e quatro feridos entre os guerrilheiros.

 

Durante o ataque, as FAC afirmam que apreenderam vário material militar às forças angolanas.

 

No dia seguinte, 01 de março, um segundo ataque terá sido perpetrado pelas FAC na aldeia de Chinganga, reivindicando estes a autoria de uma emboscada a uma viatura do exército angolano que terá provocado a morte a dois militares.

 

No mesmo comunicado, os independentistas de Cabinda afirmam que nas Aldeias de Munenga, Tchisissi, Tchivovo e Mandarim, no município de Cacongo, "foram presos sete aldeões jovens e um coordenador tradicional".

 

"Os civis inocentes são injustamente presos pelos angolanos, sob pretexto de apoiarem as FAC. Duas casas de civis na aldeia de Chibwete foram saqueados e queimados pelas FAA", denunciam ainda, apelando à "desobediência civil em todo o território".

 

Só em fevereiro, as FAC reclamaram a autoria de confrontos em Cabinda que terão provocado a morte a mais de três dezenas de militares angolanos.

 

A FLEC-FAC recorda que a 01 de fevereiro de 1885 foi assinado o Tratado de Simulambuco, que tornou aquele enclave num "protetorado português", o que está na base da luta pela independência do território.

 

No final de janeiro, os independentistas da FLEC-FAC anunciaram a morte de dois militares das FAA, num ataque daquelas forças, tendo divulgado imagens de alegados cartões de identificação das vítimas.

 

Durante o ano de 2016, vários ataques do género provocaram, nas contas da FLEC-FAC, desmentidas pelo Governo angolano, mais de meia centena de mortes entre as operacionais das FAA.

 

O ministro do Interior de Angola afirmou em outubro que a situação em Cabinda é estável, negando as informações das FAC, que só entre agosto e setembro tinham reivindicado a morte de mais de 50 militares angolanos em ataques naquele enclave.

 

"Em Cabinda, o clima de segurança é estável, é uma província normal, apesar de algumas especulações e notícias infundadas sobre pseudo-ações militares que se têm realizado", disse o ministro Ângelo da Veiga Tavares.

 

O chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas também desmentiu em agosto, em Luanda, a ocorrência dos sucessivos ataques reivindicados pela FLEC-FAC, com dezenas de mortos entre os soldados angolanos na província de Cabinda.

 

Geraldo Sachipengo Nunda disse então que a situação em Cabinda é de completa tranquilidade, negando qualquer ação da FLEC-FAC, afirmando que aqueles guerrilheiros "estão a sonhar".