Luanda - Consta que a SIC- Notícias vai apresentar por estes dias (nos dias 1,2 e 3) mais uma «Grande Reportagem» sobre Angola, desta vez relativamente ao Buraco Financeiro e ao Crédito Malparado do antigo BESA, um caso que, como se sabe, tem ramificações à estrutura mãe desse banco em Portugal, o BES.

Fonte: facebook

Como é do domínio público, algumas figuras da nomenklatura política e económica angolana e pessoas ligadas ao círculo familiar do PR, nomeadamente a sua irmã, mana Marta dos Santos, o candidato às eleições presidenciais pelo MPLA, JLo, o antigo SG desta formação política, Dino Matross, e o ex-vice presidente do mesmo partido, Roberto de Almeida, figuram numa vasta lista de devedores insolventes do referido banco.


Em Portugal, o assunto está na barra da justiça há quase dois anos e já levou à detenção, ainda que por algumas horas, do magnata Ricardo Salgado, localmente conhecido por DDT (Dono Disto Tudo). O ricaço está em liberdade provisório contra o pagamento de uma milionária caução. O escândalo financeiro foi também levado à Assembleia da República, a pedido de deputados que interpelaram o deposto Governo de Passos Coelho.


Ao contrário do que se passa em terras lusas, em Angola os distintos poderes político, judicial e legislativo não moveram uma única palha no sentido de descobrir/responsabilizar os autores pelo buraco financeiro de mais de 4 milhões de dólares norte-americanos, cuja factura foi ou está a ser, penosamente, paga pelos contribuintes angolanos ou, melhor, por todos nós que não beneficiamos desse Milionário kumbu. Em Abril do ano passado, PGR prometeu timidamente abrir uma investigação ao caso, mas sem nenhum resultado palpável…


O PR limitou-se, por sua vez, a exarar um Decreto para que o buraco financeiro fosse assumido/coberto pela SONANGOL e ENSA, tendo a última empresa contraído uma dívida ao tesouro nacional para ajudar a «apagar o incêndio» …


Pelo que sei, o alegado «cérebro» da «golpada», o bancário Álvaro Sobrinho nunca foi minimamente perturbado pela justiça angolana, e continua a passear-se alegremente entre Luanda, Lisboa, Londres e outras paragens europeias e americanas, como se nada tivesse a ver com o assunto…


Creio que, após a reportagem da SIC passar pelos nossos ecrãs, haverá por aí um chorrilho de acusações contra a estação televisiva de Carnaxide por parte dos defensores do templo, sobretudo dos nossos analistas e fazedores de opinião, uns de forma aberta, outros veladamente… As acusações, para não variar, serão desviadas do foco principal do assunto e incidirão sobre uma suposta campanha de «ingerências» movidas por sectores saudosistas de Portugal que, na óptica dos críticos, sempre estiveram inconformados com a nossa independência, bem como a SIC será acusada de falta de contraditório e quejandos…


Diante deste dilema: Deve o Governo continuar a assobiar para o lado ou quebrar o silêncio e explicar-se? A PGR deve ou não levar a cabo uma verdadeira investigação judicial para apurar as responsabilidades criminais e cíveis? Os beneficiários dos créditos deverão vir a público prestar esclarecimentos sobre o destino que deram ao dinheiro?