Luanda - Num comunicado enviado às redações este domingo, a embaixada de Angola em Portugal veio esclarecer que o embaixador de Angola em Lisboa, José Marcos Barrica, “não se ausentou do território português, onde se encontra em pleno exercício das suas funções”.

Fonte: Lusa

O comunicado surge na sequência de uma informação avançada pelo semanário Expresso, que tinha dado conta de que José Marcos Barrica estaria na capital angolana a receber instruções com o objetivo de organizar a visita do primeiro-ministro português e do Presidente da República a Angola.

 

De acordo com o semanário, o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, tinha-se mostrado disponível para receber António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa depois de as autoridades angolanas terem reconhecido como incontornável a tramitação normal do processo relativo a Manuel Vicente pela justiça portuguesa.

 

Segundo um funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros angolano, citado pelo Expresso, José Eduardo dos Santos pretendia com esta visita “quebrar o gelo” e “libertar-se do ónus de vir a ser acusado de constituir o principal obstáculo à normalização das relações entre os dois países”.

 

No comunicado enviado para as redações, igualmente citado pelo Expresso, a embaixada angolana nega que Barrica tenha saído do país. “Têm sido veiculadas, em certos órgãos de comunicação social portugueses, informações dando conta que o embaixador da República de Angola em Portugal José Marcos Barrica encontra-se em Luanda, desde a semana passada, a preparar a visita a Angola do Primeiro-ministro, Dr. António Costa e do Presidente da República, Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa. Estas informações não correspondem à verdade, pois o embaixador José Marcos Barrica não se ausentou do território português, onde se encontra em pleno exercício das suas funções”.

 

Segundo a nota da embaixada citada pelo Expresso, não é possível, ainda assim, esclarecer se as autoridades angolanas têm ou não disponibilidade para receber António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa. Fica apenas claro que, de acordo a informação prestada pela embaixada, José Marcos Barrica não se deslocou a Luanda para esse efeito.

 

Em fevereiro, foi adiada (sem nova marcação de data) a visita a Angola da ministra da Justiça portuguesa, Francisca Van Dunem, sem que tivesse sido dada, na altura, qualquer explicação pelo executivo angolano. Dias depois, o governo de Luanda classificou como “inamistosa e despropositada” a forma como as autoridades portuguesas divulgaram, em meados de fevereiro, a acusação do Ministério Público a Manuel Vicente, tendo sido esse o motivo do adiamento da visita da ministra.

 

A posição do Governo angolano foi conhecida através de uma nota do Ministério das Relações Exteriores, que considerou, na altura, a divulgação da acusação como “um sério ataque à República de Angola, suscetível de perturbar as relações existentes entre os dois Estados”. Depois teste episódio, também as visitas dos mais altos chefes de Estado e do Governo português ficaram tremidas. A crise diplomática parecia estar prestes a ser ultrapassada, mas o comunicado da embaixada angolana vem trazer novas dúvidas sobre o desfecho do caso.