Luanda - É dado adquirido que Fernando Heitor (FH) já não faz parte dos quadros da UNITA, após 40 anos de militância no partido do «Galo Negro».

Fonte: Facebook

Embora tenha publicamente manifestado a sua vontade de se tornar «apartidário», o ainda deputado da UNITA tem dado, porém, sinais de que poderá ingressar na «Grande Família», uma rampa de lançamento de acesso ao Executivo do MPLA, caso este partido vença as eleições gerais de Agosto.


A saída de FH poderá representar a maior «aquisição» do «ÊME» no «mercado das transferências políticas» deste ano; um mercado que, curiosamente, só funciona de 4 em 4 anos…


Ninguém em sã consciência pode minimizar a saída de FH, tendo em conta a sua longa militância partidária na UNITA, o seu percurso académico (economista de formação) e o facto de ter sido um dos poucos elementos de equilíbrio no mosaico étnico linguístico da UNITA, onde o número de ambundu na sua direcção é bastante reduzido.


Consta que o abandono ter-se-á ficado a dever mais a questões pessoais e de incompatibilidade de caracteres do que divergências ideológicas, visto que ele nunca aceitara subordinar-se a Raul Danda, vice-presidente da UNITA.


Os destaques que os órgãos de comunicação social estatais, alguns privados, em particular a ZIMBO têm concedido a FH colocam-nos novamente diante do critério de «um peso e duas medidas», já que estes mesmos MDM´s ignoraram, de forma confrangedora, as dissidências no seio do MPLA de figuras como o embaixador Ambrósio Lukuki (AL) e do general «Miau». Excepção à LAC, que conferiu alguns espaços a AL.


Tenho estado a acompanhar alguns comentários feitos a propósito e noto, com algum desagrado, como alguns dos nossos conhecidos comentaristas, analistas, fazedores e sociólogos têm analisado o assunto... Não deixa de ser confrangedora a postura dos mesmos, visto que em situações idênticas, em nenhum momento, questionaram ou tecerem comentários à volta das rupturas de Lukuki ou de Miau, se as mesmas teriam reflexões negativos para o MPLA no que diz respeito a uma suposta distribuição do «voto étnico» …


Diante de mais este abandono de um militante de «peso», gostaria de saber por que razão as dissidências no seio dos partidos da oposição só ocorrem em vésperas das eleições? Foi assim com Dinho Chingunji, Jorge Valentim e Fátima Roque, dentre outros… Por que razão os milhares ou «Milhões» de militantes da UNITA/CASA/PRS só mudam de camisolas nos períodos que antecedem as eleições? Haverá por aí um plano secreto para desestabilizar os adversários políticos? Ou as contradições no seio da Oposição só emergem nestas fases? Estranho, nê?