Luanda - O grupo de 17 jovens ativistas angolanos, condenados em 2016, divulgou esta terça-feira uma proposta para constituição de uma coligação de partidos na oposição, entregue há cerca de um mês e à qual responderam até agora apenas duas forças políticas.

Fonte: Lusa

A proposta foi apresentada em conferência de imprensa realizada pelos 17 integrantes do grupo de ativistas, conhecidos como 15+2, do processo em que foram julgados e condenados por atos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores, a 28 de março de 2016.

 

Segundo o porta-voz do grupo, Nuno Dala, a 20 de fevereiro foi remetido um “extenso memorando” a todos os partidos políticos na oposição, com uma exposição exaustiva sobre a possibilidade de os partidos, desde os de menor expressão política aos de maior, “se unirem em ordem a constituir uma coligação”, com o objetivo de fazerem a diferença nas eleições gerais, que deverão realizar-se em agosto.

 

“Entendemos que existem uma série de fundamentos que nos levam a propor aos partidos políticos que se transformem em plataforma única que possa concorrer em melhores condições com o partido da situação, que é o MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola]”, explicou.

 

A proposta tem como fundamento principal o interesse nacional, segundo Nuno Dala, tendo em conta o anseio dos cidadãos para “uma mudança efetiva tão almejada pelos angolanos, incluindo muitos do MPLA”. Nuno Dala adiantou que a ideia de se avançar com a referida proposta vem de setembro de 2016, tendo sido efetivada a 20 de fevereiro, tendo até agora respondido positivamente apenas dois partidos – o Bloco Democrático e o Partido Democrático para o Progresso e Aliança Nacional de Angola (PDP-ANA).

 

O documento foi igualmente remetido aos partidos União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Partido de Renovação Social (PRS), Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Aliança Patriótica Nacional (APN), e aos quatro partidos que integram a Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE). “A maior parte dos partidos a quem remetemos o documento ainda não responderam oficialmente e estamos à espera dessa resposta”, disse Nuno Dala, manifestando-se otimista em relação às outras respostas.

 

Os proponentes apresentam como contribuições à coligação, a constituição de uma comissão de observação paralela das eleições, encabeçada pela sociedade civil, lançamento de uma campanha de apelo ao povo, para exigir que as atas das assembleias de voto sejam publicadas nas respetivas assembleias de voto, “e a possibilidade de os eleitores não abandonarem os recintos de voto até terem o seu voto contado”. Os subscritores garantiram ainda o seu “total envolvimento”, com apoio e apelos desde a criação da coligação até às demais etapas das eleições gerais de Angola, previstas para agosto deste ano.

 

Ao mesmo tempo, o grupo anunciou que vai realizar, por via digital e em papel, uma petição pública para a recolha de assinaturas de pessoas a favor da constituição de uma coligação de partidos políticos na oposição, que esperam venha a ter resposta de cerca de um milhão de cidadãos angolanos. “Acreditamos que no espaço de um mês poderemos ter recolhido esse número de assinaturas, referiu, salientando que o número a atingir não é o mais o importante, “não significa que se não chegarmos a um milhão que a iniciativa deixe de ter valor”.

 

Em declarações à imprensa, o luso-angolano Luaty Beirão, considerou que a iniciativa “é uma das possíveis receitas para diminuir o impacto da fraude, porque a ladainha da fraude já começou”. “Decidimos fazer alguma coisa (…) não somos os únicos, sabemos que entre os angolanos que nos vão ouvir e que vão tomar conhecimento dessa petição, há muita gente que concorda que a oposição juntando-se minimizará o impacto da fraude”, disse. Luaty Beirão referiu que o apoio de outras organizações da sociedade civil é bem-vinda, porque o grupo “quer agregar e não ser protagonista”.